A quarta barragem que corria risco de rompimento, na Mina do Feijão, em Brumadinho, voltou ao nível de segurança que indica normalidade na tarde deste domingo (27). Assim, as 24 mil pessoas que estavam em áreas consideradas de risco pelo Corpo de Bombeiros podem voltar para casa.
“Retomamos para o risco um [em uma escala de um a três de risco de rompimento]. A barragem não oferece risco para as pessoas que moram lá e nem para os bombeiros”, afirmou o tenente-coronel Flávio Godinho, chefe da Defesa Civil de Minas Gerais.
Com isso, as buscas pelos desaparecidos serão retomadas. Familiares de vítimas já estavam concentrados no Centro de Operações de Brumadinho, localizado na faculdade Asa, e pressionavam o poder público para ir atrás das 287 pessoas.
A situação se manterá até que o reservatório de água seja completamente esvaziado, ou em caso de novo risco iminente. As entradas da cidade já foram liberadas.
Os números de afetados pelo rompimento da barragem também foram atualizados: são 37 mortes, 192 pessoas resgatadas, 361 localizadas e 287 desaparecidas.
Mais cedo, o porta-voz dos Bombeiros, tenente Pedro Aihara havia dito que 24 mil moradores teriam que deixar suas casas para se concentrarem em pontos seguros da cidade. No entanto, o número de evacuação caiu para 3 mil durante à tarde e agora foi zerado. Os militares haviam suspendido os trabalhos por conta de riscos de rompimento de uma nova estrutura, que armazena água. Naquele momento, a prioridade era garantir a segurança das pessoas e evacuar pontos do município que poderiam ser atingidos por água e lama.
Segundo o Corpo de Bombeiros, a água da barragem está sendo bombeada para reduzir o risco. No momento, ela tem um volume equivalente a 840 mil metros cúbicos de água. De acordo com Godinho, se houver mudança no nível, a população será avisada.
Donativos
O major Flávio Santiago, porta voz da Polícia Militar, voltou a dizer que, no momento, não são necessários mais donativos, porque já há o suficiente para atender quem precisa e grandes quantidades poderiam levar ao desperdício de alimentos. Além disso, o major pede que as pessoas não confiem em qualquer informação repassada pela internet.
“São muitas mensagens falsas circulando com pedidos de donativos, passando números de conta corrente para depósitos. Nossa instrução é que, caso não conheça a fonte, não doe dinheiro”, alerta.
Droneiros e jipeiros também não devem responder às mensagens que solicitam apoio deles no local. “Deixemos equipes profissionais atuarem neste caso”, finaliza.
Investigação
Conforme o chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, Vagner Pinto, as atenções da corporação estão dividias entre prestar auxílio para identificação de vítimas e fazer o inquérito policial, instaurado desde sexta-feira (25). Para isso, eles estão arregimentando o máximo possível de informações e provas documentais e testemunhais. A Vale, afirma, tem contribuído com o processo.
“Estamos preocupados com a parte técnica, da perícia criminal, para não perder a cadeia de custódia. Vamos realizar o trabalho de investigação para no final apresentar se há responsabilidade penal, e quem são os responsáveis”, explicou.
Questionado sobre quem deve depor no processo, o chefe da PC afirmou que, por hora, eles estão apenas catalogando quem pode ser importante para entrevistas e declarações. Segundo ele, “qualquer pessoa que tenha interesse para investigação será chamada, independente de cargo ou empresa”.