O presidente Jair Bolsonaro começou a ser operado no início da manhã desta segunda-feira (28) no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. A cirurgia é necessária para retirar a bolsa de colostomia e religar o trânsito intestinal de Bolsonaro.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
O procedimento começou por volta de 6h30, segundo informou a assessoria de imprensa da Presidência. Até a última atualização desta reportagem, o início da cirurgia não havia sido confirmado pelo Hospital Albert Einstein. A previsão é que o procedimento dure três horas e a recuperação, dez dias.
A cirurgia é comandada pelo gastroenterologista Antonio Luiz Macedo. Dois tipos de procedimentos poderão ser adotados pelos médicos.
A primeira possibilidade é unir as duas pontas do intestino grosso que foram separadas para a colocação da bolsa – a fixação pode ser feita com sutura – agulha e linha cirúrgicas – ou com um grampeador cirúrgico.
A segunda possibilidade é cortar uma parte de 20 centímetros do intestino grosso e ligar a outra ponta diretamente ao intestino delgado, que tem mais irrigação sanguínea do que o intestino grosso. Quanto mais sangue circulando, mais fácil e rápida é a cicatrização. Esse segundo procedimento é o mais provável, porque ajuda a prevenir complicações futuras.
Bolsonaro chegou a São Paulo neste domingo (27), passou por uma avaliação clínica, foi submetido a exames laboratoriais e de imagem no hospital, e teve a cirurgia de retirada da bolsa de colostomia e reconstrução do trânsito intestinal confirmada.
Nos últimos meses, Bolsonaro ficou com a bolsa de colostomia junto ao corpo devido à facada que recebeu de Adélio Bispo de Oliveira durante caminhada na campanha eleitoral antes do segundo turno das eleições. A bolsa serve para encaminhar as fezes e os gases do intestino grosso para fora do corpo, na região abdominal. Esta é a terceira cirurgia à qual Bolsonaro é submetido desde o ataque.
“Bem, hoje, domingo, voamos de manhã para SP. Estou aqui em SP, no Albert Einstein, onde amanhã a partir das 7h eu devo ser submetido à cirurgia de retirada da bolsa de colostomia. Deve durar por volta de 3 horas, mas se Deus quiser correrá tudo muito bem. Muito obrigado a todos vocês, mais uma vez. E obrigado também pelas orações. O Brasil é nosso”, disse Bolsonaro no vídeo.
Hospital terá ‘gabinete’
De acordo com o Palácio do Planalto, o vice-presidente Hamilton Mourão assumiu a Presidência desde o início da cirurgia e deverá permanecer no cargo por 48 horas. Depois das 48 horas, Bolsonaro deverá reassumir o cargo e despachar de dentro do hospital.
Foi montado um escritório no mesmo andar onde Bolsonaro está internado para que ele possa receber ministros.
Primeira cirurgia
Jair Bolsonaro sofreu um atentado em 6 de setembro, quando fazia campanha no centro Juiz de Fora, em Minas Gerais. Ele levou uma facada na barriga.
Bolsonaro foi levado de carro para a Santa Casa de Misericórdia. O trajeto levou dez minutos. A rapidez para chegar ao hospital foi fundamental para salvar a vida do então candidato. Os médicos fizeram uma primeira avaliação e descobriram uma grande hemorragia interna.
No momento da facada, a lâmina – que media vinte centímetros – atingiu ramos da artéria e da veia mesentéricas. Bolsonaro perdeu muito sangue, que se espalhou entre os órgãos e ficou contido no abdômen.
A pressão sanguínea de Bolsonaro caiu a níveis muito perigosos e ele teve que ser estabilizado. Recebeu quatro bolsas de sangue.
Os médicos abriram o abdômen em uma cirurgia de emergência. Eles descobriram que a faca provocou três perfurações no intestino delgado. Elas foram limpas e fechadas.
No intestino grosso, o dano foi maior. A lâmina atravessou de um lado ao outro e provocou vazamento de fezes. Foi preciso limpar todo o abdômen e retirar a parte atingida, que media dez centímetros. Uma extremidade do intestino grosso foi isolada. A outra foi ligada à bolsa de colostomia, que Bolsonaro usa desde então.
Segunda cirurgia
No dia seguinte, ele foi transferido para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo. E, cinco dias depois, precisou passar por mais uma cirurgia.
Um bloqueio em uma das alças do intestino delgado impediu a passagem do suco entérico, que vem do estômago. O líquido começou a se acumular e a pressionar o intestino delgado de dentro para fora, até romper os pontos de um dos cortes. Uma pequena quantidade do suco entérico vazou.
O cirurgião conseguiu desbloquear a alça do intestino e liberar a passagem do líquido para normalizar o fluxo. Refez os pontos e limpou o local novamente.
Os outros cortes também foram checados e as suturas estavam em ordem. Bolsonaro teve alta no dia 29 de setembro, 23 dias depois do atentado.