G1
O engenheiro Makoto Namba — que atestou a segurança da barragem que se rompeu na sexta-feira (25/01) em Brumadinho (MG) e que foi preso na manhã desta terça-feira (29/01) junto com mais quatro pessoas, foi premiado pela Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS), no ano passado, por um estudo de caso sobre uma barragem de rejeitos da Vale em Itabira (MG). O trabalho se dedicou à avaliação do risco geotécnico da estrutura.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Makoto foi prestigiado em um congresso da entidade, em julho de 2018, com o prêmio José Machado junto dos outros cinco autores do estudo. A partir da análise da probabilidade de rompimento da barragem de Itabiruçu, o trabalho adverte que estruturas com risco alto de ruptura podem apresentar números supostamente satisfatórios e defende uma análise que leve em conta variabilidades, incluindo a localização da barragem.
“Uma estrutura com probabilidade de falha alta, executada em local ermo, intuitivamente apresenta menor criticidade que uma estrutura com probabilidade de falha reduzida, executada em local de elevada densidade populacional. Por esta razão, a avaliação do risco deve ser priorizada”, diz trecho do estudo premiado pelo congresso. A barragem que rompeu na última sexta-feira provocou pelo menos 65 mortes. De acordo com o último boletim da Defesa Civil, 279 pessoas continuam desaparecidas. A lama de rejeitos provocou uma onda de destruição na cidade de Brumadinho.
Levando em conta as particularidades de Itabiruçu, os engenheiros chegam a estabelecer no estudo diversos cenários de rompimento, levando em conta o horário, as condições climáticas e a realização ou não de um alerta prévio. Nas condições mais próximas às de Brumadinho – dia seco e sem alerta -, os estragos causados pela ruptura hipotética de Itabira são estimados em R$ 40,4 bilhões.
Na casa de Makoto Namba, os investigadores encontraram vários recortes de notícias de jornais sobre o desastre de Mariana (MG), em 2015, na qual uma barragem da Samarco, ligada à Vale, se rompeu deixando 19 mortos. Namba e outro engenheiro preso na manhã de hoje, André Yussuda, trabalhavam para a TÜV SÜD, companhia que atestou a segurança da barragem de Brumadinho duas vezes no ano passado. A empresa foi alvo de operação de buscas da Polícia Federal hoje.