O número de mortes causadas pelo rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, chegou neste domingo a 165 pessoas. Dados divulgados pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec/MG) apontam que, do total de vítimas fatais, já foram identificados 156 corpos.
Ainda continuam desaparecidas 160 pessoas, sendo 38 funcionários da Vale e 122 trabalhadores terceirizados ou moradores da região. Permanecem desabrigadas 138 pessoas e duas vítimas ainda estão hospitalizadas.
As buscas pelas vítimas completaram neste domingo 17 dias. Um grupo de 352 pessoas – entre bombeiros militares de Minas e de outros estado, militares da Força Nacional e voluntários – seguem em pontos estratégicos na tentativa de localizar os desaparecidos.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, 35 equipes permanecem na busca pela área administrativa (que engloba o refeitório, casa e estacionamento), área da ferrovia e de acúmulo de rejeitos. Ao longo deste domingo serão usados 35 máquinas, 11 aeronaves e nove cães farejadores.
RECURSOS FEDERAIS
O chefe da Defesa Civil nacional, coronel Alexandre Lucas, visitou neste domingo em Brumadinho, o centro de operações do resgate às vítimas do desastre com a barragem do Córrego do Feijão, para avaliar quais as frentes que precisam de recursos federais e as que podem ser desmobilizadas. “Importante é gerir bem os recursos. Toda essa permanência gera despesa. No início, é importante que os recursos venham para que todos os objetivos sejam atingidos. Na medida que forem concretizados, tem que ir desmobilizando recursos. Isso é gestão, é preciso ter cuidado com gestão do dinheiro público. Tínhamos cinco aeronaves do Ministério da Defesa, já diminuímos para duas, e vim avaliar se pode liberar mais uma. Além da gestão do desastre, não podemos nunca deixar de preocupar com a gestão do dinheiro público”, disse.
De acordo com o coronel, a gestão do desastre altera os processos nas instituições e o custo de uma operação dessa proporção não pode ser analisado apenas sob o ponto de vista dos insumos que estão sendo gastos nela. O Ministério Público e os governos deverão contabilizar esses custos e acionar a Vale para serem ressarcidos. “A retirada de uma aeronave não impacta na busca que é feita por bombeiros. Se o comandante dos bombeiros falar que precisa de trazer mais aeronaves, traremos. Em nenhum momento diminuiremos a capacidade operacional de resgate. O que veremos com o Corpo de Bombeiros é que as vezes a forma do trabalho já possibilita uso de veículos (terrestres). A desobstrução de estradas permitem operações mais baratas, com a mesma eficiência.” Ele disse que neste momento, as buscas são por desaparecidos, o que “é diferente uma operação de localização das pessoas que estão vivas ou perdidas, de salvamento no primeiro instante”. O rompimento da barragem completa hoje (10/2) dezesseis dias.
Até o momento, nenhum recurso foi solicitado à DC nacional, confirmou o chefe da instituição. “A solicitação de recursos à Defesa Civil vem através de um sistema informatizado onde são preenchidos planos de trabalho, mas até o momento a Vale vem bancando toda a operação”. Sobre outros órgãos federais que vêm recolhendo doações, como a Caixa Econômica Federal que pede ajuda aos correntistas, ele disse que esses recursos não passam pela Defesa Civil e são geridos pela própria CEF.
A Defesa Civil nacional mantém uma equipe permanente do posto de operação das agências federais que incluem Ministério da Defesa, dos Direitos Humanos, Saúde, Assistência Social, entre outros, captando as demandas institucionais dos órgãos do estado e do município e repassando para o governo federal.
Alexandre Lucas disse que em seus quinze anos à frente da Defesa Civil de Minas, a tragédia de Brumadinho contabilizou o quinto rompimento de barragem durante sua gestão e foi o mais organizado sob ponto de vista da resposta. “Organizou-se o caos inicial de forma rápida, o estado atuou de forma competente e organizada, o Corpo de Bombeiros mobilizou os recursos rapidamente, organizou a operação e trabalhou de maneira coordenada com a Polícia Militar e Civil, os governos federal e municipal. Todo o sistema de defesa civil tem trabalhado de forma organizada. Estamos conseguindo no país implantar uma metodologia de gestão de desastre de forma competente, até porque as pessoas precisam ser acolhidas e socorridas de forma rápida.”
O coronel comparou o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, com a do Córrego do Feijão: “Mariana foi um desastre que impactou muito pela extensão com muitas pessoas afetadas, mas o que choca em Brumadinho é número de vítimas fatais que poderiam ser evitadas, levando à reflexão sobre questões como ética de gestão nas empresas, da preparação, da fiscalização.”
Lucas disse que a ordem do ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, é acompanhar a recuperação em todos os aspectos relacionados ao desastre, de forma ininterrupta. “Não podemos é deixar de aprender com o desastre, aprimorando os processos de prevenção e mitigação de risco não só em barragens mas em todos os aspectos.” Ele defendeu a criação de um sistema nacional de defesa civil com a participação de instituições e agências federais, estaduais e municipais.