O premiê da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, dissolveu o parlamento nesta sexta-feira (15) e convocou eleições legislativas para o dia 28 de abril. O anúncio é feito apenas 8 meses e meio depois de Sánchez assumir o cargo de chefe de governo.
O anúncio da antecipação do pleito era esperado desde que o Congresso rejeitou, na última quarta-feira (13), a proposta de orçamento do governo socialista.
Sánchez conta com o apoio de somente um quarto do parlamento e depende do apoio do partido antiausteridade Podemos e dos nacionalistas catalães, bem como de outros partidos menores, para aprovar leis.
Os partidos catalães diziam que a aprovação do projeto estava condicionada à inclusão da questão da independência nas negociações com a Catalunha, algo que o governo se nega a fazer.
No último sábado (9), milhares de pessoas se manifestaram nas ruas da capital Madri acusando Sánchez de ceder às exigências dos independentistas catalães e pedindo eleições antecipadas.
Fontes da agência Reuters na política espanhola já tinham indicado que Sánchez queria um pleito o mais cedo possível para mobilizar os eleitores simpatizantes da esquerda na esteira do comício dos partidos de direita em Madri, que incluiu a sigla de extrema-direita Vox. Esse partido cresceu nas pesquisas de opinião graças ao aumento do sentimento anti-catalão em toda a Espanha.
Com as eleições antecipadas, os espanhóis vão às urnas duas vezes em um período de um mês. Isso porque no dia 26 de maio estão programadas eleições municipais, regionais (para os Parlamentos das regiões autônomas) e para o Parlamento Europeu.
Tensões com a Catalunha
Sucessor de Mariano Rajoy, que enfrentou a declaração unilateral de independência da Catalunha, Sánchez chegou ao poder em junho de 2018 com a promessa de aliviar as tensões entre o governo central de Madri e os líderes catalães.
O líder socialista se encontrou duas vezes com o presidente do governo regional, Quim Torra, e integrantes dos dois executivos realizaram várias outras reuniões.
As divisões profundas entre espanhóis pró-união e secessionistas da Catalunha foram reforçadas nesta terça-feira, início do julgamento de 12 separatistas acusados de rebelião após uma tentativa de separação em outubro de 2017.