Quatro soldados, dois rebeldes e um civil morreram nesta segunda-feira (18/02) em um confronto entre as forças de segurança e insurgentes na região da Caxemira sob administração indiana. O incidente acontece no mesmo distrito onde há quatro dias um atentado suicida matou mais de 40 soldados indianos.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
As forças de segurança indianas faziam uma busca por insurgentes no distrito de Pulwama, 30 km ao sul de Srinagar.
Um grupo de homens armados ficou encurralado em uma casa e deu início a um tiroteio. Alguns rebeldes conseguiram escapar da operação. Um soldado e um civil ficaram gravemente feridos no confronto. O civil foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
Tensão entre Índia e Paquistão
Na quinta-feira (14), um carro-bomba explodiu atingindo um comboio que transportava integrantes da Força Central de Polícia de Reserva, em um ataque considerado um dos piores das últimas décadas na região.
O grupo Jaesh-e-Mohammad (JeM), com sede no Paquistão, reivindicou o ataque. Ele faz parte da corrente rebelde que luta contra o domínio da Índia da região da Caxemira — disputada entre a Índia e o Paquistão (veja mais abaixo).
Depois do atentado, a histórica tensão entre Índia e Paquistão aumentou. Nova Déli acusou Islamabad de apoiar o JeM e retirou seu principal diplomata do Paquistão. Nesta segunda, o Ministério de Relações Exteriores paquistanês, que negava qualquer envolvimento no ataque, chamou seu embaixador na Índia para consultas.
O atentado aconteceu em um momento delicado para o governo de primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, com o país prestes a organizar eleições legislativas entre abril e maio.
No domingo, manifestantes em Nova Déli queimaram cartazes com imagens de autoridades paquistaneses e do grupo JeM. Em várias cidades do país foram registradas agressões contra pessoas vindas da Caxemira.
Após uma onda manifestações populares e pedidos de vingança, Modi prometeu que os responsáveis pelo atentado “pagarão”.
Soldado indiano examina destroços de veículos atingidos por explosão de carro-bomba na quinta-feira (14) na Caxemira — Foto: Younis Khaliq/Reuters
Conflito
A Caxemira, na região do Himalaia, foi dividida entre Índia e Paquistão ao fim da colonização britânica. Os dois países reivindicam a totalidade do território, o que provocou duas das três guerras que enfrentaram desde a independência, em 1947.
De acordo com analistas, a Índia mantém 500.000 soldados mobilizados em sua região, o que faz desta uma das zonas mais militarizadas do mundo.
Grupos rebeldes como o JeM reclamam seja a independência, seja a anexação ao Paquistão, e estão em luta permanente desde 1989 contra meio milhão de soldados indianos mobilizados no território.
Esta guerra deixou em quase 30 anos dezenas de milhares de mortos, principalmente civis.
Em 2017, ao menos 206 supostos ativistas, 78 membros das forças de segurança indianas e 57 civis morreram na Caxemira, no que foi o ano mais mortal em uma década na região.