Os produtores de queijo canastra ganharam uma importante ferramenta de combate à falsificação e de garantia da procedência do produto artesanal da região da serra de mesmo nome, no Centro-Oeste mineiro. Foi lançado nesta terça-feira o primeiro lote do famoso queijo identificado com a “etiqueta de caseína”, que é comestível, elaborada a partir de uma proteína retirada do próprio leite.
Há mais de 80 anos que a etiqueta de caseína é usada em países da Europa que ganharam fama pela qualidade de queijo, como França e Suiça. Mas, é a primeira vez que a tecnologia é adotada pelos produtores de queijo no Brasil como ferramenta de identificação do produto.
A região da Serra da Canastra tem cerca de 800 produtores artesanais da famosa iguaria, espalhados por sete municípios. Juntos, eles produzem cerca de 576 toneladas de queijo por ano.
O modelo de identificação da origem do conhecido produto está sendo usado por filiados da Associação dos Produtores de Queijo Canastra (Aprocan), sediada no município de São Roque de Minas. A etiqueta feita com a substância comestível traz uma espécie de código de barras com oito dígitos, com a identificação do produtor (tres primeiros dígitos) e dados do produto (últimos cinco dígitos), tais como data de fabricação e local onde foi produzido.
O gerente de Projetos da Associação dos Produtores de Queijo Canastra, Higor Douglas de Freitas Faria, explica que, em breve, a entidade vai lançar um aplicativo que vai permitir que, a partir do “código” da etiqueta o consumidor possa obter outras informações sobre o queijo como a história da fazenda onde foi produzido.
Hígor Douglas salienta que a etiqueta de caseína representa um importante ganho para os produtores, garantindo a segurança junto ao consumidor sobre a origem do queijo canastra e combatendo a falsificação. Assim, acarretará valor agregado à mercadoria.
“A etiqueta de caseína somente pode ser colocada no queijo na hora que o produto acaba de ser fabricado”, explica. O gerente do Sebrae Minas – Regional Centro-Oeste e Sudoeste, Leonardo Mól, lembra que a produção de queijo artesanal de Minas, especialmente, do Canastra, é um patrimônio reconhecido no mundo inteiro.
“Para o Projeto Queijo Minas Artesanal esta Etiqueta irá agregar ainda mais valor ao produto e, por consequência, ampliar sua comercialização, tendo como base o certificado de originalidade”, afirma Leonardo.
O gerente de Projetos da Aprocan lembra que a entidade tem 56 filiados, dos quais 23 estão devidamente regularizados e vão passar a usar a etiqueta de caseína. Mas, a expectativa é aumentar cada vez mais o uso do sistema de identificação e de combate à falsificação, em função do processo de regularização da atividade pelos produtores.
A produção queijeira na região da Serra Canastra gera emprego e renda nos municípios de São Roque de Minas, Vargem Bonita, Delfinópolis, Medeiros, Bambuí, Tapiraí e Piumhui.
Há alguns anos, os produtores da região enfrentaram sérias dificuldades por causa da legislação sanitária, que impedia a venda do queijo artesanal fora de Minas Gerais. Mas, houve uma mobilização da classe produtora e a barreira foi vencida em 2015, quando o Ministério da Agricultura autorizou os produtores de queijo a comercializar a produção para outras unidades da Federação. Mas, para isso, eles têm que se regularizarem e obterem certificação do Serviço de Inspeção Federal (SIF).