Estadão Conteúdo
O líder opositor e autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, chegou ao país nesta segunda-feira, 4, com o risco de ser preso pelo regime chavista. “Acabamos de passar pela imigração e seguiremos para onde está o nosso povo”, escreveu ele no Twitter. “Entramos como cidadãos livres, que ninguém nos diga o contrário.”[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Guaidó convocou a população para uma mobilização nacional a partir das 11h (12h em Brasília) nesta segunda. Em Caracas, a concentração está organizada para a Avenida de Las Mercedes, a principal da capital.
Antes do retorno do líder opositor, o governo havia reforçado a segurança em todo o país e no Aeroporto Internacional de Maiquetía, de acordo com informações do portal de notícias Infobae.
“No terminal de aviação geral há funcionários da inteligência militar e do Sebin (serviço secreto venezuelano). Pensamos que era por causa do carnaval, que sempre exige a presença de mais funcionários, mas a volta de Guaidó deixou o ambiente sob tensão. Há muita desconfiança entre civis e militares”, disse uma fonte ligada aos funcionários do aeroporto, segundo o Infobae.
“Nossa missão é insistir, persistir até alcançá-lo e resistir aos últimos esforços inúteis de quem sabe que está de saída. Venezuela, vamos todos, vamos juntos, que enquanto estivermos unidos nada poderá nos deter”, escreveu o líder opositor no Twitter.
No domingo, Guaidó fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais e apresentou um balanço de sua viagem por cinco países da América do Sul: Colômbia, Brasil, Paraguai, Argentina e Equador. Segundo ele, foi firmada uma “coalizão” internacional em favor da democracia. “As opções de recuperação econômica estão sobre a mesa. Isso está acompanhado da mobilização cidadã e do povo venezuelano”, destacou.
Ameaças
O comportamento de Juan Guaidó será analisado pelos órgãos do governo de Nicolás Maduro, disse nesta segunda a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez. Segundo ela, as ações do opositor serão avaliadas por instituições sólidas e sustentáveis.
“Seu comportamento e suas atividades serão cuidadosamente analisados pelas instituições do Estado. Medidas apropriadas serão tomadas”, disse a vice-presidente, lembrando que também serão analisadas suas ações nas visitas aos países vizinhos. Para Delcy, Guaidó expôs negativamente a Venezuela. “Como venezuelana, tenho vergonha alheia por ver uma pessoa não se limitar ao ridículo nacional e seguir para o ridículo internacional”, disse.
Ameaçado pelo governo Maduro de prisão, o presidente interino disse não temer os riscos de retornar à Venezuela. De acordo com ele, seu regresso ao país é acompanhado pelo mundo e pelo povo venezuelano.
“Se tentarem me sequestrar, temos todos os passos a seguir”, disse Guaidó. “Hoje estamos mais mobilizados do que nunca”, acrescentou. “Se me sequestrarem, será um dos últimos horrores. No passado, sequestraram e mataram nossa gente e estamos mais fortes do que nunca. A força é a união.”
Em janeiro, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, sob controle de Maduro, proibiu Guaidó de deixar o país e congelou seus bens. Porém, a Assembleia Nacional, de maioria opositora, aprovou uma licença para o interino deixar a região. / Com Agência Brasil e AFP