Estadão Conteúdo
O executivo Eduardo Bartolomeo, de 54 anos, que assumirá temporariamente o comando da Vale após o afastamento do presidente Fabio Schvartsman e de outros três executivos, marcou presença nas decisões das últimas três gestões da mineradora. Bartolomeu teria sido um dos finalistas no último processo seletivo para a presidência da Vale, que levou à escolha de Schvartsman, em maio de 2017. Para assumir a presidência da Vale, o executivo voltará ao Brasil. Como diretor executivo de metais básicos, ele morava no Canadá. [pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Segundo fontes de mercado, a mudança definitiva no comando da mineradora só deve ocorrer em abril, após a Assembleia Geral Ordinária de Acionistas. Essa assemebleia deverá também deliberar sobre mudanças no conselho de administração, com a redução do peso da Previ (caixa de previdência do Banco do Brasil), que hoje ocupa quatro assentos no conselho, e o aumento da presença de conselheiros ligados ao setor de mineração.
A saída de Schvartsman e dos outros diretores foi decidida após uma recomendação feita pela força-tarefa que investiga a tragédia de Brumadinho, que deixou um rastro de destruição e mortes na cidade da Grande Belo Horizonte. Até agora, 186 pessoas morreram e outras 122 estão desaparecidas. O documento com o pedido de afastamento foi assinado por representantes do Ministério Público Federal (MPF), do Ministério Público Estadual de Minas Gerais (MPMG) e da Polícia Federal.
Na semana passada, diante dos danos financeiros e de reputação em decorrência da tragédia, a agência Moody’s retirou o grau de investimento da mineradora. Um segundo rebaixamento, da S&P Global, poderia ter efeito negativo para os papéis da empresa em várias partes do mundo.
Trajetória. Na gestão de Roger Agnelli, que durou dez anos e se encerrou em 2011, Eduardo Bartolomeo passou por dois cargos: nos primeiros dois anos na mineradora, de 2004 a 2006, ele foi diretor do departamento de operações logísticas. Em 2007, foi promovido a diretor executivo da mineradora, gerenciando operações e minas, ferrovias e portos. Nessa época, liderava uma equipe de 60 mil funcionários.
Pouco tempo depois da saída de Agnelli, em 2011, após forte pressão do governo Dilma Rousseff para a troca do comando da mineradora, o presidente interino deixou as funções executivas da companhia durante a gestão de Murilo Ferreira, que se estendeu até 2017.
No fim da gestão de Ferreira, em setembro de 2016, Bartolomeo foi escolhido para representar o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDES) no conselho da empresa, em cargo que já havia ocupado por Luciano Coutinho, ex-presidente do banco de fomento. Permaneceu na posição até dezembro de 2017.
Bartolomeo voltou à companhia por intermédio de Schvartsman, um mês após deixar o conselho. Em janeiro de 2018, assumiu a diretoria executiva de metais básicos da companhia. Somada à experiência na gestão de Agnelli, o executivo acumula quase uma década como executivo da mineradora.
Outras experiências. A carreira executiva de Bartolomeo começou em outra grande empresa brasileira, a gigante das bebidas Ambev, onde trabalhou de 1994 a 2002. Ele iniciou sua carreira em 1988, como trainee da Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), em Santos, onde permaneceu até 1991.
Entre as duas fases como executivo da Vale, Bartolomeu foi diretor-presidente do Brazil Hospitality Group (BHG) – que concentra bandeiras de hotelaria como Golden Tulip e Tulip Inn –, que na época tinha a GP Investments em seu quadro societário. Ficou no grupo entre 2013 e 2015.
Durante o ano de 2017, foi diretor-presidente da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), empresa de transporte de gás natural que foi adquirida pela gigante canadense Brookfield da Petrobrás no fim de 2016, em um negócio de quase US$ 6 bilhões.