ENCONTRO BH
Na Ásia, os benefícios do consumo de matcha, ou chá verde (Camellia sinensis), são conhecidos há milhares de anos. Agora, pesquisadores estão se aprofundando para entender os reais efeitos da bebida no corpo humano. Um estudo realizado pela Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, descobriu que esse tipo de chá consegue evitar o avanço da obesidade em ratos. A pesquisa foi publicada no periódico científico Journal of Nutritional Biochemistry em janeiro deste ano.
Pesquisas recentes já haviam revelado que o chá verde pode proteger dentes sensíveis, atenuar os sintomas do Mal de Alzheimer, repelir bactérias e até prevenir ataques cardíacos. Estudos anteriores também sugeriram que ele pode ter um papel importante na obesidade por meio de seus efeitos anti-inflamatórios. [pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
“Os resultados dos estudos sobre os efeitos na obesidade, até agora, têm sido uma verdadeira confusão. Alguns parecem recomendar o chá verde para perda de peso, mas outras pesquisas mostram a ausência de efeito, provavelmente devido à complexidade da dieta em relação a uma série de fatores ligados ao estilo de vida. Nosso objetivo foi descobrir como evitar o ganho de peso”, comenta o nutricionista Richard Bruno, principal autor do estudo, citado pelo portal americano New Atlas.
Para entender os efeitos da bebida sobre as cobaias, durante oito semanas os cientistas alimentaram um grupo de ratos machos com uma dieta rica em gordura, para induzir a obesidade, enquanto outro grupo recebia uma dieta normal saudável. Metade de cada grupo recebeu um extrato de chá verde misturado na comida, constituindo cerca de 2% da dieta total, ou o equivalente a um humano bebendo 10 xícaras por dia. De acordo com os especialistas, não foram usadas fêmeas porque são resistentes à obesidade induzida.
O estudo avaliou o peso, o tecido adiposo, a resistência à insulina, a inflamação nos intestinos, a composição dos micróbios intestinais e como estas bactérias se moviam para a corrente sanguínea para causar inflamações. Os ratos com alto teor de gordura cujas dietas foram suplementadas com chá verde ganharam cerca de 20% menos peso do que aqueles que não receberam o extrato. Além disso, também apresentaram menor resistência à insulina, um fator essencial no aparecimento do diabetes.
Os camundongos alimentados com chá verde também apresentaram os micróbios do intestino mais saudáveis e tiveram menos inflamações nos tecidos adiposo e intestinal.
“O estudo fornece evidências de que o chá verde estimula o crescimento de bactérias boas no intestino, e isso leva a uma série de benefícios que diminuem significativamente o risco de obesidade”, afirma Richard Bruno.
Apesar de promissora, os cientistas alertam que ainda é preciso avaliar se os resultados se repetirão em humanos, e mesmo se o fizerem, se seria melhor tomar suplementos ou beber chá normalmente, devido à forma como o corpo metaboliza os antioxidantes.
“Consumir um pouco ao longo do dia junto a alimentos, como os ratos fizeram neste estudo, pode ser melhor”, recomenda o pesquisador, citado pelo New Atlas.