Respirando por aparelhos, a economia mineira pode entrar em colapso se a atividade minerária for parcialmente descontinuada. Em um cenário mais pessimista, com interrupção na produção de 130 milhões de toneladas de minério e outros minerais em 2019, 2020 e 2021, 1,48 milhão de pessoas podem perder o emprego. O número equivale a mais de 11,6% do total de desempregados no Brasil (12,7 milhões). [pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Os dados fazem parte de um estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), apresentado ontem na sede da entidade. “Em momento nenhum queremos que haja redução na segurança das barragens. Pelo contrário. Mas medidas extremamente restritivas podem afetar drasticamente a nossa economia, que está intrinsecamente ligada à atividade mineral”, pondera o presidente da entidade, Flávio Roscoe.
Como reflexo do desemprego, o levantamento aponta que haverá redução de R$ 4,4 bilhões na massa salarial. E, nesse mesmo cenário pessimista, o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado pode despencar 12%.
Antes das paralisações, a expectativa era a de que Minas iniciasse um movimento de recuperação econômica, com elevação de 3% na produção de riquezas. Agora, quando analisado isoladamente, o PIB da indústria extrativa mineral vai ficar no vermelho, fechando 2019 em -3,5%. Os demais setores, no entanto, encerrarão o ano em -8,5%.
O índice é pior devido ao efeito cascata gerado pela dependência da economia mineira pelo setor mineral. “A indústria extrativa mineral é um setor chave no Estado. Tem um peso enorme e é diretamente ligada a todos os demais segmentos”, diz o professor de economia do Ibmec, Felipe Leroy. Como exemplo da dependência, é possível citar o comércio.
Quando as mineradoras reduzem a produção e demitem, as lojas dos municípios mineradores amargam quedas vertiginosas e acabam dispensando pessoal também. Os fornecedores das empresas mineradoras dos mais diversos setores também devem parar de faturar, criando uma bola de neve que vai explodir nos cofres públicos em forma de redução de arrecadação.
Conforme o estudo da Fiemg, aliás, na pior projeção haverá queda de R$ 6 bilhões somente na arrecadação direta. “Mesmo num cenário otimista, os resultados são desastrosos”, afirma Leroy. No quadro atual, o estudo indica que o PIB cairá 7,3%, deixando 851,3 mil desempregados. Já numa visão mais otimista, o PIB cairá 5,6%, com 623,8 mil desempregados.
Com relação aos empregos, o comércio será o setor mais afetado, com fechamento de 22,25% dos postos. Em seguida, a indústria de minério de ferro precisará dispensar 13,89% dos trabalhadores. O segmento de transporte e armazenamento também vai sofrer, com perda de 11,36% dos postos de trabalho.
Setor diretamente ligado à atividade extrativa mineral, o transporte terrestre deixará de faturar R$ 1,474 bilhão se a mineração for parcialmente interrompida. Já o comércio atacado e varejo, exceto veículos automotores, amargará queda de R$ 1,416 bilhão.