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A primeira parte do inquérito que investiga a responsabilidade da Vale no rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande BH, foi concluída pela Polícia Federal e os crimes de falsidade já estão sendo relatados à Justiça, segundo o que informou a corporação.
As investigações que apuram os crimes de falsidade ideológica e uso de documento falso foram concluídas antes das demais, que investigam os crimes ambientais e homicídio. O enquadramento nos crimes de falsidade se deu após a PF analisar uma troca de e-mails entre profissionais da Vale e duas empresas ligadas à segurança da barragem. Os documentos indicariam que a mineradora já havia identificado, dois dias antes do rompimento, problemas em dados dos sensores que monitoravam a estrutura. [pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Estas informações fariam parte do depoimento prestado pelos engenheiros Makoto Namba e André Jum Yassuda, da Tüv Süd Brasil, empresa contratada pela Vale para auditar a estrutura.
As mensagens, segundo o divulgado pela TV Globo no dia 6 de fevereiro, começaram a ser trocadas no dia 23 de janeiro, às 14h38, e se prolongaram até as 15h05 do dia seguinte, menos de 24h antes da tragédia. Segundo a matéria do site G1, o delegado Luiz Augusto Nogueira, que está à frente das investigações, informou que o assunto das mensagens “diz respeito a dados discrepantes obtidos através da leitura dos instrumentos automatizados (piezômetros) no dia 10/01/2019, instalados na barragem B1 do CCF, bem como acerca do não funcionamento de 5 (cinco) piezômetros automatizados”.
No depoimento, Namba foi questionado sobre “qual seria sua providência caso seu filho estivesse trabalhando no local da barragem”. E, segundo o relatório da PF, “após a confirmação das leituras, ligaria imediatamente para seu filho para que evacuasse do local bem como ligaria para o setor de emergência da Vale responsável pelo acionamento do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) para as providências cabíveis”.
Questionada sobre as investigações de falsidade, a Vale negou responsabilidade e afirmou que esperava que, como funcionários de uma empresa de renome internacional e atuação em mais de 50 países (Tüv Süd), os auditores tivessem responsabilidade técnica, independência e autonomia na prestação de seus serviços, “pois cabe ao auditor o papel de realizar um processo sistemático, documentado e independente para obter todas as evidências possíveis e avaliá-las objetivamente, privilegiando a segurança acima de tudo.”
A empresa alemã também se posicionou por nota e disse que prefere não comentar sobre as investigações. Afirmou somente que “imediatamente após o rompimento da barragem, iniciou uma investigação independente sobre o caso e ofereceu sua total cooperação às autoridades para o esclarecimento das circunstâncias do colapso da estrutura.”
Agora, as investigações da PF seguem apurando os crimes contra o meio ambiente e homicídios e não há previsão para a conclusão do inquérito. O rompimento da barragem B1 da mina de Córrego do Feijão, em 25 de janeiro deste ano, deixou, pelo menos 210 mortos de acordo com o último balanço divulgado pela Defesa Civil de Minas Gerais nesta quinta-feira (21/03). Outras 96 pessoas permanecem desaparecidas.