Um simulado de rotas de fuga em caso de rompimento da barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco em Barão de Cocais, A 50km de Itabira, na Região Central de Minas Gerais, será feito às 16h desta segunda-feira (25), com a participação de moradores, assistidos pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. Foi decretado feriado na cidade.
O treinamento deve envolver 6.054 pessoas que vivem no caminho da lama, onde, em caso de rompimento, as casas começaram a ser atingidas em uma hora e doze minutos.
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Na noite de sexta-feira (22/03), a barragem entrou em nível máximo para risco de rompimento. Muitos moradores não dormiram e passaram a madrugada nas ruas. A Vale afirmou que elevou o nível de risco da estrutura depois de divergências nos sistemas de monitoramento.
De acordo com a Defesa Civil, voluntários e funcionários da Vale vão orientar os moradores no simulado. Um grupo de 300 pessoas foi capacitado neste domingo (24/03) para atuar como monitores. Também houve treinamento para motoristas que vão conduzir veículos que darão alerta sonoro.
Barragem em Barão de Cocais — Foto: Reprodução/TV Globo
Na manhã desta segunda-feira (25/03), ainda haverá reuniões preparatórias com a comunidade. O treinamento, com início às 16h, tem previsão de duração de 40 minutos, tempo menor do que a lama levaria para chegar até a primeira comunidade na chamada zona de salvamento secundário.
O número de pessoas estimado corresponde a 1/5 da população da cidade, que tem pouco mais de 32 mil moradores. O simulado é destinado a quem reside nesta zona, na qual haveria tempo hábil para que as pessoas se destinem a pontos de encontro em caso de rompimento.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Sete pontos foram divulgados pelas autoridades em Barão de Cocais. No caminho desses pontos, haverá placas indicando trechos seguros. Após o treinamento, os participantes poderão retornar às moradias.
Neste domingo (24/03), a Defesa Civil informou que mil placas informativas já haviam sido instaladas na cidade e outras 400 estavam em implantação. Outras medidas para informar a população foram a distribuição de cinco mil folhetos.
Cerca de 400 pessoas que viviam na zona de autossalvamento, que fica mais perto da barragem e seria atingida imediatamente – deixaram as casas no dia 8 de fevereiro e recebem assistência da empresa Vale, como hospedagem.
Em caso de rompimento da Barragem Sul Superior, outras duas cidades poderiam se atingidas, de acordo com a Defesa Civil. São elas Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.
MP acusa Vale de omissão
Uma petição encaminhada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) à Justiça diz que a mineradora Vale “sustentou uma falsa situação de segurança” na barragem Sul Superior da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais. Segundo o documento, em 8 de março, a mineradora já sabia do risco de rompimento da estrutura e omitiu a informação de autoridades.
Conforme o Ministério Público, seis dias depois, a Vale informou oficialmente que “a empresa não enxerga risco iminente para suas estruturas” em reunião com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), Agência Nacional de Mineração (ANM) e Polícia Militar no dia 14 de março.
A Vale não se posicionou sobre o que foi declarado pelo Ministério Público.
Na mesma petição, a promotoria reiterou pedidos urgentes, alegando que estão sendo descumpridos pela mineradora. Em decisão provisória dada neste domingo (24/03), a juíza de plantão determinou obrigações referentes à Barragem Sul Superior, como a contratação de nova auditoria e apresentação de informações diárias sobre a segurança da barragem.
Em outra ação, o Ministério Público solicitou o bloqueio de mais R$ 3 bilhões da mineradora para eventuais reparações em Barão de Cocais.