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BRASÍLIA – Depois de uma semana de crise na articulação da reforma da Previdência , o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, almoçaram nesta quinta-feira (28/03) para transmitir a mensagem de que os desencontros em relação ao tema ficaram para trás. Guedes, que adiou uma visita à Câmara nesta semana por causa da falta de uma base de apoio à reforma na Casa, confirmou que participará da audiência semana que vem ‘mais tranquilo’.
— Eu vou mais tranquilo certamente. Acredito que a reforma vai deslanchar, tenho recebido muito apoio do presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia, desde o dia que eu aterrissei em Brasília — disse Guedes, ao lado de Maia, em frente à residência oficial do presidente da Câmara.
O ministro disse ainda acreditar que todos os Poderes sabem de seu papel institucional. Na última quarta, em audiência no Senado, Guedes fez críticas à capacidade de articulação do governo e afirmou que cancelou sua participação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), prevista para a véspera, porque corria risco de levar “balaços” até mesmo de partidos aliados do governo. Durante a reunião, o ministro chegou a dizer que, se percebesse que sua agenda não seria aceita, deixaria o cargo.Frisou, no entanto, que não seria irresponsável de sair na primeira derrota.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
— Eu acredito muito que os principais poderes sabem que, apesar dessas coisas que dão muita notícia, dão barulho, sabem da importância de cada um fazer seu papel institucional. O presidente Bolsonaro me deu todo o apoio para fazer a reforma — afirmou o ministro.
— Mesmo quando eu discuti, foi uma discussão cortês. Dado que eu tenho temperamento forte e a senadora Kátia Abreu também, durou pouco. Foi só a coisa de quem vai falar primeiro e pronto.
O ministro não especificou se colocou como condição a indicação de um relator da Previdência na CCJ para participar na audiência. Líderes de partidos que participaram da reunião afirmaram, no entanto, que o ministro não impôs essa exigência, embora haja uma expectativa de que o relator seja indicado ainda nesta semana.
Depois de trocar farpas com o presidente Jair Bolsonaro, Maia procurou baixar o tom e voltou a dizer que era hora de parar.
— Não tem farpa. Disse que estava na hora de parar, não vamos olhar para trás, não tem a disputa de quem começou, de quem errou. Tenho certeza que o importante é que a gente continue trabalhando. Na próxima semana, com a presença do ministro na CCJ, retomamos com força — disse Maia.
— A ida dele na Câmara na quarta vai ser muito importante. Esse foi o objetivo do almoço, vamos colocar o trem nos trilhos para caminhar com a velocidade que 12 milhões de brasileiros desempregados esperam, que milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza esperam — afirmou.
O presidente da Câmara comentou ainda os desencontros com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, sobre a tramitação do pacote anticrime. Mais cedo, ele tomou café com Moro. Uma possibilidade é que o texto comece a tramitar pelo Senado.