Os três simulados de rompimento de barragens que ocorreram na tarde deste domingo (31) em Itabirito, na Região Central de Minas Gerais; Raposos e Honório Bicalho (distrito de Nova Lima), ambos na Grande BH, tiveram público abaixo do esperado. A situação fictícia preparou os moradores para a possibilidade de serem atingidos pelas barragens B3/B4, da Mina Mar Azul, em Nova Lima; e Forquilha I e III, da mina de Fábrica, em Ouro Preto. Todas as barragens pertencem à mineradora Vale.
As duas estruturas foram elevadas ao nível 3 de segurança que significa um rompimento a qualquer hora. O mesmo ocorre com a barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais. A elevação do nível 2 para o 3 ocorreu após empresas de auditoria não assinarem um laudo de segurança dos barramentos.
Segundo o coordenador-adjunto da Defesa Civil estadual, tenente-coronel Flávio Godinho, eram esperadas 11.117 pessoas nas três situações. Entretanto, o número de participantes foi de 7.964. Os simulados ocorreram de maneira simultânea, A ação, segundo o órgão, visa preparar os moradores que estão na rota da lama a agir de maneira rápida em caso de ruptura das barragens.
Durante as simulações, 44 pessoas precisaram ser atendidas em ambulâncias que estiveram à disposição das comunidades. O motivo dos atendimentos não foi informado pela Defesa Civil e nenhum paciente precisou ser encaminhado a hospitais.
Em Itabirito, onde o simulado preparou a comunidade para um possível colapso nas barragens Forquilha I e III, 4.770 moradores participaram, número acima do esperado. A Defesa Civil estimava que 4.363 participariam. Em caso de rompimento das estruturas, a lama chegaria ao município em 1h33 minutos.
Conforme o tenente-coronel, na cidade todos os participantes da simulação foram removidos ao ponto de encontro (local apontado como seguro por estar fora da mancha) em 1h16. Já em Raposos, onde os moradores foram treinados para um hipotético rompimento da barragem B3/B4, na Mina Mar Azul, em Nova Lima, os rejeitos chegariam ao município em 1h46.
No distrito de Honório Bicalho, a preparação de 2.400 moradores foi encerrada com 55 minutos, sendo que o tempo máximo de chegada do lamaçal era de 1h03. “Precisamos orientar os moradores o quanto antes para que tenham a oportunidade de conhecer qual é a área segura que podem se deslocar em caso de rompimento”, afirmou o tenente-coronel Flávio Godinho.
Sirenes
Assim como ocorreu em Barão de Cocais, moradores de Honório Bicalho reclamaram que a sirene que poderá avisar sobre um possível rompimento não foi ouvida em alguns pontos do vilarejo. A demanda, segundo o tenente-coronel, será repassada à Vale para que corrija o problema. A reportagem procurou a mineradora para se posicionar sobre as reclamações de funcionamento das sirenes. Todavia, a empresa não se posicionou até a publicação desta matéria.
Acamados
Durante entrevista coletiva que ratificou um balanço dos simulados ocorridos neste domingo, o vice-prefeito de Nova Lima, João Marcelo Dieguez (PSDB) afirmou que as secretarias de Saúde e Assistência Social do município já mapearam pessoas que acamadas que possuem algum problema de locomoção que realizam acompanhamento na rede pública de saúde e que moram em áreas que seriam atingidas pela lama.
Conforme o político, as informações sobre estes moradores serão repassadas à Vale para que a mineradora encaminhe estas pessoas para hotéis ou casas alugadas até que se retome o padrão de segurança da barragem da Mina Mar Azul. Ainda há dificuldades na identificação e cadastro de moradores em situação restrita de locomoção que realizam acompanhamento médico na rede particular.