Comprar remédios ficou ainda mais pesado para o consumidor desde domingo (31), quando o reajuste máximo anual de preços foi autorizado em até 4,33% pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), do Ministério da Saúde, por determinação da Lei 10.742/2003.
Como consequência, especialistas acreditam que deve aumentar o número de pessoas que interrompem os tratamentos de saúde por não ter condições financeiras para mantê-los. E mais: o número de consumidores que entram na lista de devedores porque não podem abrir mão dos remédios tende a crescer. O índice é levemente inferior à inflação registrada em Minas Gerais e medida pelo Instituto de Pesquisas Econômicas , Administrativas e Contábeis (Ipead), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – em 2018 foi 4,59%.
Segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas Operadoras de PBM (Programa de Benefício em Medicamentos), 50% das pessoas que iniciam um tratamento médico não o concluem por falta de verba.
Conforme pesquisa do SPC Brasil, 25,3% dos brasileiros foram negativados devido ao gasto excessivo com saúde, incluindo medicamentos. Referentes a 2017, os dados são os mais recentes elaborados pelo SPC Brasil e foram divulgados no ano passado.
Ainda conforme a pesquisa, o gasto médio com remédio por brasileiro é de R$ 138,32. Para que a conta feche no final do mês, o consumidor precisa fazer um verdadeiro exercício financeiro.
Remédio é prioritário, não dá para não comprar”, alerta o consultor financeiro Paulo Vieira. Uma das dicas do especialista é colocar todos os gastos no papel e cortar o que for possível. “Às vezes, a pessoa faz gastos por impulso e não percebe”, diz o especialista.
Pesquisar preços também é fundamental. Além de visitar estabelecimentos diferentes, o consumidor pode verificar site de drogarias, que costumam ter promoções exclusivas. Outra alternativa que pode garantir economia é apelar para os medicamentos genéricos.
Idosos gastam pelo menos 20% da renda mensal com produtos destinados à saúde
“A dica que damos é para os consumidores utilizarem os recursos do governo sempre que possível”, diz. Como exemplo, ela cita o programa Farmácia Popular, do governo federal, que fornece medicamentos gratuitos. Ana Carolina ressalta, ainda, que no site da Anvisa é possível saber o valor máximo que pode ser cobrado pelos medicamentos.
“No site tem uma lista com os todos os remédios e o preço máximo que eles podem custar. Se passar daquele valor, a pessoa tem que denunciar”, afirma.
Para o diretor do Sindicato Nacional dos Aposentados, Máximo Moreira, é comum que as pessoas acima de 55 anos gastem até 40% da renda com medicamentos. Os valores baixos das aposentadorias explicam o alto percentual.
Conforme o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a renda média dos aposentados em Minas Gerais é de R$ 1.464,87. O valor é menor do que a média nacional, de R$ 1.549,22. Ainda segundo o órgão, 66% dos aposentados do Estado recebem um salário mínimo, que hoje é de R$ 998.
“O reajuste dos remédios não acompanha o reajuste do salário mínimo. A pessoa gasta muito dinheiro com medicamentos, mas ganha pouco. E raramente o idoso gasta apenas com ele. Tem os filhos, os netos”, lamenta.
Segundo dados do INSS, Minas Gerais possui 2,4 milhões de aposentados, enquanto o país tem 20,4 milhões de inativos.