O tatuador que foi alvo de diversas denúncias de assédio nas últimas semanas foi preso na tarde deste domingo (31), em Lagoa Santa, na Grande Belo Horizonte. Na última quinta-feira (28), a Justiça já havia expedido um mandado de prisão preventiva do homem, que estava foragido até esta tarde.
O tenente Leonardo de Souza, da 3ª companhia de Policiamento Especializado da Polícia Militar (PM), informou que o tatuador, de 44 anos, estava escondido na casa de amigos, no bairro Joana D’arc, em Lagoa Santa, desde que a Justiça determinou a prisão. Uma denúncia anônima levou os militares ao local. “Montamos uma grande operação e cercamos o imóvel. Tão logo percebeu nossa chegada ele se entregou sem resistência”, disse o militar.
Investigações
De acordo com a Polícia Civil, 15 mulheres denunciaram o homem formalmente na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher da capital, mas pelo menos 40 chegaram a acusar o tatuador pelo crime em uma rede social. A Polícia Civil começou a investigar o caso assim que soube das denúncias, conforme informou a delegada Ana Paula Balbino, da Delegacia Especializada em Proteção à Mulher e responsável pelo inquérito.
Em entrevista no dia 20 de março, a delegada afirmou que as primeiras diligências foram iniciadas no momento em que os agentes souberam do caso e uma primeira vítima procurou a delegacia. A reportagem tentou contato com o suspeito, mas não obteve sucesso. No entanto, em seu último posicionamento ao Hoje em Dia, o tatuador se declarou inocente de todas as acusações.
“Sou profissional há mais de 30 anos e sempre respeitei minhas clientes. Tenho família, tenho uma filha que não para de chorar, um filho que não quer mais ir à escola e estou sofrendo com ameaças e crises de pânicos. Eu preciso trabalhar e não consigo”, se defendeu.
Entenda
O caso veio à tona após uma publicação da ativista e ex-candidata ao Senado Federal Duda Salabert, pelo Instagram, encorajar mulheres a relatar abusos sofridos em sessões de tatuagem. A surpresa veio quando mais de quarenta denúncias apontavam o profissional da Tattoo Reggae como responsável por uma série de situações de assédio e desrespeito a clientes.
O relato mais antigo apurado pela reportagem é de 2011 e o sentimento expressado com unanimidade pelas vítimas entrevistadas pelo Hoje em Dia é de medo. “Mesmo eu, que sou feminista, ainda tenho pensamentos condicionados pelo machismo e, nesse caso, eu pensava que podia ser coisa da minha cabeça, que podia estar imaginando coisas, e isso me impediu de falar sobre isso, de denunciar, de contar para outras pessoas”, contou uma das mulheres que denuncia o tatuador.