Agência Brasil
A Espanha não permitirá que o líder da oposição venezuelana Leopoldo López transforme a embaixada espanhola em Caracas em um centro de ativismo político, disse hoje (03/05), em Madri, o ministro de Assuntos Exteriores, Josep Borrell. Ele garantiu que seu país também não entregará López às autoridades venezuelanas.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
“O estado espanhol não vai permitir que sua embaixada se converta em um centro de ativismo político. E confiamos que, nestas condições, o governo venezuelano vai respeitar a imunidade diplomática do território da embaixada espanhola”, declarou o ministro espanhol a jornalistas, informando que López não pode pedir asilo político à Espanha. “De acordo com a nossa legislação, o asilo político só pode ser solicitado quando se está em território espanhol”, disse.
Desde terça-feira (30/04), López se encontra “hospedado” na residência do embaixador da Espanha na Venezuela, Jesús Silva, que já usou sua conta pessoal no Twitter para reproduzir notícias que dão conta de que o governo espanhol não entregará o líder oposicionista às autoridades venezuelanas.
Prisão domiciliar tinha sido revogada
Ontem (2), o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela revogou a sentença de prisão domiciliar proferida em setembro de 2015, quando López foi condenado a 13 anos e nove meses de prisão por, segundo a justiça, “incitar a desordem pública, associação criminosa, atentados à propriedade e incêndio” durante manifestações contrárias à política do presidente Nicolás Maduro. López estava recluso em sua casa desde julho de 2017.
Na última terça-feira (30/04), quando o deputado e autodeclarado presidente interino Juan Guaidó convocou a população a sair às ruas para pedir a renúncia de Maduro e concedeu “indulto presidencial” a López, o líder oposicionista deixou sua residência para se juntar às manifestações.
López fez uma rápida aparição em público e gravou um vídeo divulgado pelas redes sociais. Mais tarde, esteve na Embaixada do Chile, em Caracas , de onde seguiu para a Embaixada da Espanha, onde permanece junto com a esposa e a filha.
Para o TSJ, ao deixar sua casa, López não só descumpriu as condições da prisão domiciliar, como violou a proibição de fazer pronunciamentos políticos por quaisquer meios, nacionais ou internacionais, “demonstrando, assim, não se sujeitar às medidas” impostas em 2014.
Tempo de prisão
Se for detido pelo Serviço Nacional de Inteligência Bolivariana, López deverá ser conduzido para a prisão militar de Ramo Verde, na cidade de Los Teques, em Miranda, onde deverá cumprir o que resta de sua pena de 13 anos, da qual já cumpriu cinco anos, dois meses e 12 dias.
Em pronunciamento a jornalistas, ontem, López disse que se reuniu com oficiais das Forças Armadas e que, “por mais de três semanas”, realizou reuniões políticas em sua casa.
“Na minha condição de preso domiciliar, me reuni com comandantes, com generais e com distintos representantes das Forças Armadas e dos organismos policiais. Nos comprometemos em contribuir com o fim da usurpação [forma como a oposição se refere à presidência de Nicolás Maduro]”, afirmou López, assegurando que tudo o que a oposição almeja é a realização de novas eleições.
“A meta concreta da coalizão a favor da liberdade na Venezuela são as eleições diretas. E nisto coincide todo o mundo livre e é o que nós, venezuelanos, queremos. Não queremos impor uma ditadura, um governo de fato, mas sim que se façam novas eleições e possamos votar livremente”, finalizou López.