Olhos capazes de testemunhar crimes em mais de 20 mil pontos de Belo Horizonte podem começar a ajudar o trabalho da polícia. O aplicativo Uber, de mediação de transporte entre motoristas parceiros e passageiros, pretende estender a Minas Gerais e à capital um programa de estreitamento de relações com as autoridades de segurança pública para disponibilizar o contato e até as imagens gravadas por condutores que estiveram em locais de crimes, para ajudar a inibir as atividades ilegais. [pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Além disso, o rastreio do aplicativo ajudará, também, a localizar foragidos ou criminosos que usarem o serviço para se deslocar e até mesmo parceiros que estejam sendo procurados. Atualmente, esse apoio já foi oferecido a alguns estados, tendo ajudado a polícia a encontrar suspeitos em São Paulo, por exemplo. A informação foi repassada ao Estado de Minas durante a LAAD Defence & Security 2019, a maior feira de defesa e segurança da América Latina. No evento, o aplicativo anunciou, também, que firmou parcerias com o governo federal para melhorar a verificação da idoneidade de seus motoristas parceiros.
A oferta dos serviços do aplicativo Uber deverá ser feita ainda neste ano, prevê a gerente de Relacionamento com Autoridades Policiais para o Brasil da startup, Karin Lopes. “Seguimos regras e critérios legais que permitem a divulgação dessas informações para as autoridades. É tudo também seguindo o marco civil da internet”, conta. O contato inicial com as autoridades serve para esclarecer quais as possibilidades de crimes poderiam receber a colaboração dos parceiros da Uber.
Em seguida, uma cartilha é distribuída para as autoridades, bem como mensagens aos parceiros, o que os torna mais alertas e aptos a colaborar mais ativamente, caso testemunhem crimes no transcorrer de suas funções. “Distribuímos para as autoridades uma cartilha que indica quais os tipos de informações a Uber pode fornecer e como isso pode ser requisitado. Outras informações, a gente precisaria de autorização judicial. Temos todo o interesse de contribuir com as autoridades nessa questão”, afirma a gerente.
Ainda de acordo com Karin Lopes, vários casos em São Paulo foram solucionados utilizando informações de motoristas parceiros. Um dos mais conhecidos foi a prisão, no ano passado, da chamada quadrilha da marcha a ré. A organização utilizava carros roubados para invadir estabelecimentos comerciais em São Paulo. Eles posicionavam a traseira dos veículos de frente para as lojas, engatavam a ré e invadiam o estabelecimento com o carro, para roubar mercadorias e equipamentos. Seis pessoas acabaram presas em Mogi das Cruzes (SP), depois que os motoristas parceiros colaboraram com informações que levaram aos suspeitos.
Outro caso célebre ocorreu depois do atentado terrorista em Londres, na Ponte de Westmister, quando um motorista atropelou cinco pessoas intencionalmente e depois esfaqueou outras na multidão, matando um policial. “Por meio de imagens de motoristas parceiros que verificamos estarem passando pelo local devido ao horário e o seu posicionamento geográfico, foi possível obter até imagens de fotos e filmagens de celular que levaram a testemunhas-chave do ocorrido e a prisões de envolvidos”, conta Karin Lopes.
BASE DE DADOS O aplicativo Uber anunciou também uma parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), que é a maior empresa pública de prestação de serviços em tecnologia da informação do Brasil. Por meio desse acordo, o sistema da startup poderá acessar diretamente as bases de dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), para poder fazer a conferência dos documentos dos motoristas em tempo real. “Antes, pelo nosso sistema, o motorista é que tirava uma foto dos documentos e os agentes faziam a conferência. Agora, com o número da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), conseguimos ter exatamente as informações originais. A foto da carteira tem de bater com a que está armazenada no Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Essa integração para conferir a identidade dos motoristas será fundamental para evitar fraudes”, afirma Márcio De Meo, gerente de comunicação para assuntos de segurança da Uber.
Uma das preocupações do aplicativo sempre foi a verificação da idoneidade dos motoristas parceiros que levam os usuários em seus carros. O gerente admite que fraudes já ocorreram no passado e que a startup tenta evoluir constantemente para evitar que isso ocorra. “Essa será mais uma camada de segurança para prevenir fraudes. Assim, vamos criando camadas para ajudar a mitigar fraudes e garantir um serviço seguro”, afirma a gerente.