O número de casos positivos para dengue aumentou cerca de 200% em Itabira nas últimas quatro semanas. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) que tem intensificado os trabalhos de prevenção e eliminação dos focos do mosquito Aedes aegypti – transmissor da dengue, zika e chikungunya. Além disso, houve um crescimento de 278% no número de notificações.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
O Governo Municipal busca soluções para acabar com a dengue em Itabira. Uma delas é a aplicação do Ultra Baixo Volume (UBV) acoplado em veículo em bairros que registram maior número de casos notificados das doenças transmitidas pelo mosquito. O trabalho é semelhante ao fumacê, porém, o produto utilizado no UBV combate as larvas do Aedes aegypti, enquanto o método anterior, apenas desloca os mosquitos e agride o meio ambiente (por isso o Ministério da Saúde não mais indica essa prática).
Os agentes que fazem o UBV manualmente – com o equipamento acoplado às costas – também têm estado em campo diariamente. O trabalho desta equipe consiste em pulverizar residências onde foram registrados casos suspeitos de doença provocada pelo Aedes aegypti e as vizinhanças num raio de até 500 metros.
“As visitas dos agentes de combate a endemias (ACE) têm sido intensificadas. Aumentamos as equipes de bloqueio quando recebemos notificações onde, conforme preconiza o MS, faz-se um rastreamento no domicílio e peridomicílio da pessoa em um raio de 500 metros. Esta ação visa eliminar os focos, tratar – quando não há possibilidade de eliminar – e aplicação de UBV”, explicou a diretora de Vigilância Epidemiológica, Natália Franco Barbosa de Andrade.
Ainda segundo ela, os ACE têm feito educação em saúde nas escolas para orientar sobre as formas de prevenção e combate ao mosquito. A vigilância predial (visitas de rotina nas casas) também foi reforçada. No entanto, a população também tem obrigação de fazer a sua parte. “Não podemos baixar a guarda de jeito nenhum. Então a população deve continuar alerta e eliminar os focos do mosquito. A grande questão é não deixar o mosquito nascer. É necessário eliminar os focos dentro do peridomicílio, que é onde fica 90% dos criadouros”, garantiu a diretora.
A SMS pede que a população ajude no combate ao mosquito Aedes aegypti e não se esqueça das orientações básicas como: limpar e tampar caixas d’água com tampas adequadas; limpar calhas; vistoriar se há água parada em pneus, garrafas, pratos, vasos e outros vasilhames; limpar quintais e lotes; encher de areia os pratos dos vasos de plantas; guardar garrafas de cabeça para baixo; não jogar lixo em terreno baldio; manter bem tampados tonéis e barris de água e colaborar com os ACE.
Situação grave
Os dados são tão alarmantes em Minas Gerais, que a Secretaria de Estado de Saúde (SES) cancelou a realização do segundo Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (Liraa). “A sondagem seria realizada nesta semana, entre os dias 6 e 10, mas neste momento de surto optou-se por intensificar o trabalho de todas as equipes. É fato que o vírus está circulando. Então é hora de agir. Não dá para demandar equipes para fazer levantamentos”, disse Natália Andrade. O último Liraa, realizado em janeiro deste ano, apontou um índice médio de infestação de 5,9%.
Na época, a pesquisa aconteceu em 1.718 domicílios. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) os índices inferiores a 1% são considerados satisfatórios; 1% a 3,9% indicam situação de alerta; e índices superiores a 4% representam risco de surto.
“O levantamento é feito por amostragem, por meio de um programa do MS, que sorteia os bairros, quarteirões e imóveis a serem visitados. Quando temos um índice de 100% em um determinado bairro, significa que foram encontrados focos do Aedes aegypti em todas as amostras coletadas”, comentou Natália Andrade então.
A SMS solicita à população que denuncie sobre locais onde há possíveis focos do mosquito por meio do Disque Dengue: 3839-2600.
Lotes sujos também são perigosos
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU) divulgou nesta semana o aumento de multas para os proprietários de lotes na cidade. O edital de notificação para limpeza dessas áreas particulares é uma ferramenta criada pelo Governo Municipal, com vigência anual, que estabelece aos donos deste tipo de imóvel, a obrigatoriedade da manutenção, capina e recolhimento de lixo como determina o Código de Posturas Municipais (CPM).
O objetivo do documento é proteger a saúde pública, evitando a proliferação de animais peçonhentos e do mosquito Aedes aegypti. “O foco não é penalizar as pessoas, é ressaltar para o dono do terreno que a responsabilidade de cuidar e manter limpo é dele”, lembrou o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Robson Costa de Souza.
De acordo com dados da SMDU, no ano passado, quando o edital foi publicado pela primeira vez, cerca de 90% dos proprietários atenderam aos critérios exigidos no documento. De todos os lotes notificados e fiscalizados em seguida, apenas 129 foram multados, ou seja, permaneceram com os terrenos sujos.
“Em 2018 nós tivemos de 80 a 90% de êxito no edital. Por exemplo, a cada 100 lotes fiscalizados continuamente, 90 estavam higienizados. Com isso, nós entendemos que a publicação cumpriu o seu objetivo principal: que é o de educar o cidadão”, explicou Carlos Alexandre Ribeiro, diretor de Serviços Urbanos.
No entanto, em 2019, o edital parece ter perdido a eficácia. Isso é o que os dados sugerem. “Até o momento percorremos apenas 40% dos lotes da cidade e já chegamos a 240 autuações”, ressaltou o diretor. Ainda segundo ele, o edital de notificação foi criado apenas para agilizar o processo de fiscalização dos terrenos particulares e não para alterar a legislação vigente. “Este documento único nos poupa 50% do percurso porque já coloca todos os proprietários dentro do município de Itabira com status de notificados. O serviço de notificação nada mais é que um lembrete para as pessoas sanarem uma contravenção no código de posturas, caso tenham”, reforçou Carlos Alexandre.
Fique atento
O intervalo entre a picada do mosquito e a manifestação da doença é chamado de incubação e tem duração média de cinco a seis dias. Geralmente os sintomas só aparecem depois dessa fase.
Os principais sintomas da dengue são: febre alta, dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, cansaço e indisposição, tontura, enjoos, vômitos, perda de paladar e apetite, manchas vermelhas pelo corpo e dor abdominal. A qualquer sinal desses sintomas, o paciente deve procurar os serviços de saúde imediatamente.