Oh Cride, fala pra mãe / Que tudo que a antena captar meu coração captura
Hoje quero falar sobre comportamento de manada. Este é um termo usado para descrever situações em que um grupo de indivíduos reagem da mesma forma e sem qualquer planejamento. Um verdadeiro fenômeno da modernidade.
De tempos em tempos em nossa região verificamos certos modismos. Situações que reúnem “praticantes” não por criticidade/pensamento, mas sim por um verdadeiro sentimento de integração. Suponho que isso aconteça pelo desejo do “praticante” se ver acolhido.
Nos idos do final da década de 90: a bola da vez era comprar um carro. Mais especificamente o GM Vectra. Mesmo cientes de que tal veículo detinha uma série de “problemas”, a cidade ficava abarrotada destes carros (para a alegria dos comerciantes – vendedores e oficinas). Quem era um “feliz proprietário” se sentia incluso no “seleto” grupo dos proprietários de Vectras.
Mas lá vêm eles novamente, eu sei o que vão fazer / Reinstalar o sistema
Anos depois temos outro exemplo: aquisição de filhotes de cachorros de pequeno porte (Yorkshire, Shitzu, Maltes, etc…). Muitos não detinham espaço físico, tampouco tempo para dedicar aos animaizinhos ou ainda perfil para adotar um animal. Uma verdadeira crueldade. Porém, em nome da integração de um novo grupo virou moda.
Mas lá vêm eles novamente, eu sei o que vão fazer / Reinstalar o sistema
Mais recentemente tivemos um novo exemplo de comportamento de manada consumista: VW Up (situação que inclusive já apresenta forte diminuição). Segundo a imprensa especializada, esse carro possui suspensão dura, direção sofrível, embreagem e freios trepidantes, problemas com bico de injeção e ar condicionado, além de barulhos diversos. E o principal: diversas unidades com motor “batendo” já antes dos 20 mil km.
De acordo com o site da Volkswagen (montadora deste veículo), as versões do carro possuem preços que partem de R$ 52.860,00. Tudo em nome da simplicidade e promessa de baixo consumo de combustível, além, de lógico, pertencer ao grupo das pessoas que tem condições de pagar mais de 50 mil reais num carro com essas características para se apresentarem como “econômicas” e “desprovidas de luxos”.
Mas lá vêm eles novamente, eu sei o que vão fazer / Reinstalar o sistema
Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste, viva
Nos dias atuais encontramos dois novos fenômenos na região: os “investidores” e o “coaching”. Vamos lá!
Investidores: sob argumento de valorização do seu patrimônio financeiro (o que é louvável), cada vez mais nos deparamos com pessoas incentivando terceiros a realizar investimentos no mercado (o que também é louvável). Porém, em sua grande maioria, estes incentivadores não possuem qualquer formação, buscam informações em canais de comunicação gratuitos, valorizam conhecimento de pessoas que não detém respaldo técnico e ainda acreditam cegamente nas dicas mágicas apresentadas por estes.
Como diria meu avô: não existe almoço de graça. Desconfie se uma pessoa lhe apresentar uma possibilidade de ganho real sem qualquer esforço OU remuneração e ainda não lhe apresentar os riscos do negócio.
Você não precisa de um mestrado ou doutorado para investir. O que você precisa é ser crítico. Procurar por profissionais com conhecimento na área. Ler uma dúzia de livros não vai fazer de você um especialista… mas sim, no máximo, um entusiasta. Não se deixe levar pela manada.
Vou apresentar um exemplo claro: o queridinho dos investidores no momento são os fundos imobiliários. Porém, o mercado imobiliário está numa transição de “baixa” para estagnado. E que quem diz o contrário está diretamente interessado nessa informação. Querem, exatamente, tentar reaquecer este mercado.
Ademais, a referência para tal estabilização são os anos de 2018 e 2017 – sombrios para o mercado de imóveis. Assim, investir em fundos imobiliários, pode não ser a solução mágica. Até porque você só vai obter retorno financeiro de acordo com o comportamento do mercado (veja a ainda crescente taxa de desocupação de imóveis direcionados a locação).
Para pra pensar se esse é o teu lugar / Aquele bom em que deveria estar
Coaching: é o processo de orientação a algum interessado que deseja melhorar alguma capacidade pessoal e/ou profissional. Todos queremos ou deveríamos querer melhorar algo em nós. Ocorre que qualquer pessoa pode ser um Coach. Sequer é necessário frequentar algum curso formal OU reconhecido. Bom… não há problema algum em contratar esses serviços… mas fique atento.
Existem profissionais que vendem “reprogramação de DNA” por meio de Coaching. Outros indicam que por meio do Treinamento “Quântico” você pode reorganizar suas energias… chegando a abordar Albert Einstein como referência para esta prática (muito embora o Saudoso Einstein gargalharia ao ouvir uma insanidade destas).
Existem pessoas que escrevem livros sobre como ficar rico (e a venda destes livros seja o meio pelo qual a riqueza possa ser alcançada). Muitas destas pessoas sequer tem condições de investir na publicação destes trabalhos. Sugiro que estas leiam seus próprios livros e coloquem em prática o que escreveram.
Quando procurar por um profissional destes, sugiro que verifique a seriedade da coisa. Consulte a idoneidade, o histórico da pessoa e seus resultados obtidos ao longo da vida. O mínimo que se deve exigir é o comprometimento real destes e o alinhamento com boas técnicas.
Seus resultados dependem de você e não da manada.
Oh Cride / Fala pra mãe!
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