As chances da barragem Sul Superior, da Mina do Gongo Soco, em Barão de Cocais, se romper, são de 10% a 15%, com a queda do talude da cava da estrutura. A informação foi dada pelo secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira, a partir de um estudo realizado por auditoria externa.
O rompimento do talude, estrutura inclinada que dá sustentação à cava da mina, irá ocorrer nos próximos dias, conforme as autoridades estaduais. Coordenadores de Defesa Civil de 60 municípios mineiros que estão próximos a barragens estão reunidos, nesta manhã, na Cidade Administrativa, para discutir ações preventivas e emergenciais de segurança.
“É um fato grave. Ocorrendo esse deslizamento não é possível precisar se será todo de uma vez, ou se será em parte, em vista disso estamos fazendo monitoramento 24h. Existem dois impactos negativos desse desmoronamento: um deles pode ser a vibração na barragem [Sul Superior], que está mais ou menos a 1 km, 1,5km da cava da mina. Essas vibrações podem ser o gatilho para um procedimento de liquefação, o que poderia levar ao colapso da estrutura. Outro evento negativo seria a água que estar na cava ser expelida”, detalha Vieira. Caso a água saia da estrutura, ela não irá em direção à barragem, mas pode atingir o leito dos rios.
O governador Romeu Zema classificou o momento pós-Brumadinho como “o pior possível”. “Pior do que um fato ruim é a possibilidade de um fato ruim acontecer. Pior do que ser reprovado numa prova é estar para fazer a prova e não saber o resultado. Infelizmente é esse momento que estamos vivendo em Minas. Com o talude que está se movimentando e não sabemos se vai romper [a barragem de Barão de Cocais]”, disse.
Zema ainda reforçou que o Estado não vai eliminar a atividade mineradora, mas torná-la segura. “A mineração sempre foi parte do nosso Estado. Temos de melhorar o monitoramento das barragens e ter ferramentas que tornam essa atividade mais segura”, disse.
Plano de Segurança
O evento e a possibilidade de risco em Barão de Cocais são algumas das motivações para a convocação dos coordenadores de Defesa Civil dos municípios. Segundo o chefe do Gabinete Militar do Governador, coronel Evandro Borges, o workshop, que dura até o fim do dia, buscará alternativas para “capacitar, treinar e obter uma resposta efetiva na gestão de risco” realizada pelas cidades. A fiscalização dos planos de segurança e o treinamento da população que vive em áreas que poderiam ser afetadas também serão discutidos.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Edgar Estevo, ressalta que serão revistas e aperfeiçoadas estratégias preventivas e emergenciais como alertas, alarmes e prazos para que os simulados de evacuação das áreas de risco ocorram. Além disso, a corporação estuda dar detalhes do movimento do rejeito decorrente do possível rompimento de barragens.