Uma empresa de engenharia dos Estados Unidos foi apresentada pela Vale ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), durante reunião realizada neste domingo (19/05). A intenção da mineradora é que esta companhia faça um estudo independente da situação da barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, na região Central de Minas Gerais. O município vem vivendo momentos de tensão desde a última semana, quando a mineradora anunciou que uma estrutura da mina deve se romper a qualquer momento e isso pode culminar no colapso da barragem, que desalojaria cerca de 6 mil moradores da cidade.
Conforme o MPMG, a possível contratação da empresa Rizzo International para a realização da auditoria independente foi apresentada em função de uma determinação da Justiça diante de um pedido feito pelos promotores que acompanham o caso. “A empresa contratada realizará serviços de auditoria externa geotécnica independente para o Ministério Público e demais órgãos envolvidos”. Porém, segundo o órgão, somente a Vale pode explicar quais os critérios para a escolha da multinacional.
A mineradora foi procurada pela reportagem do Hoje em Dia, entretanto, até o momento não se posicionou sobre a escolha da empresa. A Rizzo International é uma empresa global de engenharia e consultoria sediada em Pittsburgh, Pennsylvania, segundo dados do próprio site da companhia.
“Somos uma empresa altamente especializada em todos os aspectos das áreas de engenharia civil e ciências da terra para instalações de geração de energia, barragens, estruturas comerciais especializadas e projetos de escavação de túneis. Por mais de um quarto de século, nossa empresa trabalhou em todo o mundo em projetos únicos, desafiadores e tecnicamente exigentes. Orgulhamo-nos do nosso compromisso em fornecer serviços pessoais e profissionais de forma ágil e de alta qualidade e esforçamo-nos continuamente para exceder as expectativas dos nossos clientes, fornecendo soluções inovadoras e economicamente inteligentes”, afirma a Rizzo.
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Reunião
Participaram do encontro diversos promotres, entre eles a coordenadora da força-tarefa do MPMG, Andressa Lanchotti, e representantes da Vale, do Ministério Público do Trabalho (MPT), da Agência Nacional de Mineração (ANM), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), Advocacia Geral da União (AGU), Advocacia Geral do Estado (AGE) e Defesa Civil.
De acordo com Andressa Lanchotti, o MPMG “continuará atuando diuturnamente para mitigar os impactos de eventual rompimento da barragem, tomando todas as medidas preventivas possíveis”.
Por fim, as autoridades presentes determinaram à mineradora que a comunicação das informações sobre a movimentação do talude, a segurança da barragem, monitoramento e ações emergenciais seja feita de forma imediata e não fragmentada, uma vez que isso poderia dificultar ou impedir a atuação dos órgãos.
Situação da barragem
Na última quarta-feira (15/05) a Defesa Civil de Minas Gerais divulgou a movimentação de quatro centímetros em um talude da mina Gongo Soco, da Vale. Esta estrutura é um plano de terreno inclinado que limita um aterro e tem como função garantir a estabilidade da estrutura. A parede em risco está localizada na face norte da cava da mina, que está desativada.
A queda da estrutura em si não afeta a barragem, que está localizada a 1,5 km de distância, entretanto, existe a possibilidade dela causar um abalo sísmico que pode ser o gatilho para o rompimento da barragem, que tem 6 milhões de m³ de rejeitos de minério, segundo a ANM.
Na quinta-feira (16/05) o MPMG divulgou que teve acesso a um documento da própria Vale que traz uma previsão sobre quando o talude deverá se romper. “A empresa Vale S/A estima que, permanecendo a velocidade de aceleração de movimentação do talude norte da Cava da Mina de Gongo Soco, sua ruptura poderá ocorrer no período de 19 a 25 de maio de 2019, gerando vibração que poderá ocasionar a liquefação da Barragem Sul Superior e sua consequente ruptura”, aponta a promotoria.