Nenhum estudante ou funcionário da UFMG foi preso durante a apreensão de 144 buchas de maconha e 1 kg de haxixe na tarde da última quarta-feira (22/05) na universidade. Cinco homens foram presos no campus Pampulha, em Belo Horizonte, mas eles não tinham ligação com a instituição. No entanto, o crime já estaria ocorrendo constantemente no local, segundo a Polícia Civil (PC). As informações foram repassadas na quinta (23/05) por delegados do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc).
A polícia trabalha com a hipótese de que os alunos eram os principais compradores da droga e investiga se representantes do diretório acadêmico do curso de Filosofia, onde parte das substâncias foi encontrada, tinham conhecimento do crime. As porções de maconha estavam em uma bolsa dentro do centro acadêmico do curso de filosofia, guardada em um local trancado.
Um dos presos, de 27 anos, estava sendo monitorado desde o início do ano e, a partir dele, a corporação suspeitou do envolvimento de outros dois homens, de 31 e 21 anos, que foram detidos em flagrante. Todos já tinham passagem pela polícia. Os centros acadêmicos de psicologia e história, que ficam na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da UFMG, também foram revistados durante a operação, que comprovou não haver drogas nos espaços.
“Nas investigações, vimos que essas pessoas traficavam dentro do campus de maneira ininterrupta. O que vamos investigar agora é o que tem por trás da droga, como ela entrou na universidade, porque achamos apenas a ponta do comércio, como ela chega no consumidor final. A direção da Fafich está prestando todo o apoio”, explicou o chefe da 2ª Denarc, delegado Rodolpho Tadeu Machado.
Haxixe
Ao mesmo tempo em que uma equipe de policiais conduziu as buscas na Fafich, outro grupo da PC prendeu em flagrante dois homens, de 25 anos, suspeitos de traficar haxixe dentro da universidade. Eles portavam 1 kg da droga. Segundo o delegado responsável pelas investigações, Windsor de Mattos Pereira, cada grama era vendida por R$ 70 reais.
“A apreensão foi em frente ao prédio da Faculdade de Belas Artes”, afirmou. Conforme o policial, a dupla vendia exclusivamente dentro da UFMG para estudantes “por acreditar que a polícia não tinha acesso ao campus, o que é um mito”. As transações eram acertadas via WhatsApp e as informações chegaram até a PC por denúncias anônimas.
Insumos da universidade
Ainda na coletiva, o chefe do Denarc, Júlio Wilke, citou o caso do estudante de química preso no ano passado suspeito de ser responsável por um esquema de venda de drogas na UFMG. “Nossa investigação já comprovava que eles fazem bastante uso de drogas sintéticas e que, infelizmente, usam insumos da própria universidade na elaboração desse material”, disse o delegado. “É um absurdo, não pode mais acontecer”, completou.
A reportagem acionou a UFMG para comentar a afirmação do delegado e aguarda retorno.
Polícia na federal
A operação suscitou um debate sobre a presença da Polícia Civil, de atribuição do Estado, dentro do campus de uma instituição federal. Os delegados afirmam que a ação ocorreu legalmente, com pedido feito e autorizado pela Justiça estadual, e que a Polícia Federal (PF) foi comunicada e ofereceu apoio. “A UFMG é um bem público de finalidade especial. Ela é um patrimônio público e tem a atuação de todas as forças de segurança dentro da sua atribuição constitucional”, disse Rodolpho Machado. A reportagem procurou a PF e aguarda retorno.
“O tráfico de drogas contamina o Estado como um todo, é uma questão complexa sobre legalização ou não, mas fato é que hoje o uso e o tráfico estão proibidos. Não existe uma ‘zona livre’ para a comercialização, então as forças de segurança têm que atuar, por mais que, às vezes, sofram resistência de movimentos sociais que são importantíssimos, mas a lei tem que ser cumprida para todos e em todos os lugares”, frisou.
Em nota, a federal informou que a direção da universidade está cooperando com as investigações “com relação a um problema que atinge toda a sociedade”. “A UFMG reitera que não compactua com práticas ilegais e que ferem a dignidade humana e reafirma a permanente disposição em cooperar com as autoridades”, diz o texto.
1 comentário
Se tinha traficantes dentro da escola, não eram barrados pra entrar, certamente era corriqueiro esse costume e os consumidores estavam naquele recinto… a direção da UFMG não tem nenhuma responsabilidade? Só em pais atrasado mesmo… Se fosse nos USA, não aconteceria isso, ou se acontecesse todos iriam presos.