O deslocamento do talude Norte da mina de Gongo Soco, da Vale, em Barão de Cocais, aumentou ainda mais neste sábado (25/05). Em alguns pontos, passou para 19 centímetros/dia, de acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM). Na base, está em 14,2 cm/dia.
Os valores aumentaram em questão de poucas horas. Na manhã deste sábado, a movimentação variava entre 14cm/dia e 18 cm/dia. Na sexta-feira, o deslocamento medido estava entre 12,9 cm/dia e 16 cm/dia. A Vale havia previsto este sábado como o prazo máximo para a queda do talude. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) considerou um dia a mais: até este domingo (26/05).
O que pode acontecer?Caindo dentro da cava, o material do talude vai se incorporar ao meio ambiente e nenhuma consequência será sentida. O problema é que, dependendo da força e da velocidade com que isso ocorrer, pode haver vibração e causar espécie de abalo sísmico na Barragem Sul Superior, localizada a 1,5 quilômetro do talude, com possibilidade de liquefação da estrutura, cuja consequência é a ruptura da barragem.
A Sul Superior está em condição sensível desde março, quando o risco de Gongo Soco foi elevado para o nível 3 – o último previsto pela mineração antes de vazamento e que se caracteriza por uma situação de ruptura iminente ou que está ocorrendo.
Tensão entre moradores
Com esse vaivém de informações, é cada vez maior a tensão dos moradores na cidade, que a qualquer momento podem ter que deixar suas casas. Quem vive na zona de autossalvamento (ZAS), localizada a uma distância de 10 quilômetros imediatamente depois da barragem, foram retirados dos imóveis em 8 de fevereiro.
Ocorrendo o rompimento, a previsão é de que o rejeito chegue até a primeira casa num prazo de 1 hora e 12 minutos. Na cidade vizinha de Santa Bárbara, o tempo é de 3 horas e em São Gonçalo do Rio Abaixo, de 8 horas.
O que diz a Vale Por meio de nota, a Vale disse que adotou todas as medidas preventivas em Barão de Cocais, desde o dia 8 de fevereiro, com o objetivo de assegurar a segurança dos moradores da região. “Além da retirada preventiva dos moradores da Zona de Autossalvamento, a Vale apoiou as autoridades na realização de simulados e na preparação das comunidades para todos os possíveis cenários, com equipes de prontidão permanentemente”, afirmou no texto.
A mineradora acrescentou que tanto o talude da mina de Gongo Soco como a Barragem Sul Superior estão sendo acompanhados 24 horas por dia e as previsões sobre deslocamento de parte do talude, revistas diariamente. “A Vale reforça que não há elementos técnicos que possam afirmar que o eventual deslizamento de parte do talude poderia desencadear a ruptura da barragem. Mesmo assim, reitera que todas as medidas preventivas foram tomadas e segue à disposição das autoridades para prestar todo apoio possível.”