Roberto Waack, diretor-presidente da Fundação Renova, criada em 2016 para reparar os danos ambientais e sociais provocados pelo rompimento da barragem de Mariana, na Região Central do Estado, é um dos denunciados pelo Ministério Público Federal do Amazonas por participação em um esquema fraudulento de comércio ilegal de madeira.
Além de comandar a Fundação Renova, Waack foi um dos fundadores da empresa Amata, flagrada pela Operação Arquimedes, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, falsificando documentos para burlar a fiscalização e exportar madeira extraída de área irregular. Waack foi sócio da Amata até setembro de 2013, quando o esquema ilegal já ocorria, segundo denúncia do MPF.
A ação civil pública tramita na 7ª Vara Federal do Amazonas, que aguarda decisão sobre liminar, pede à Amata o ressarcimento de danos materiais ao meio ambiente, estimados em R$ 47,3 milhões. Além disso, pede o pagamento de indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 10 milhões.
A Fundação Renova foi criada em março de 2016 após acordo entre a Samarco, responsável pela barragem que rompeu, suas proprietárias (Vale e BHP Billiton) e os Ministérios Públicos e Defensorias de âmbito federal e dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. A lama de rejeitos da barragem matou 19 pessoas, destruiu comunidades, devastou o meio ambiente ao longo de 670 km na bacia do rio Doce e atingiu o oceano Atlântico.
Em nota a Fundação Renova afirmou que os pontos levantados na ação civil pública que tramita na 7ª Vara de Manaus envolvendo a empresa Amata e pessoas físicas, entre elas, o diretor presidente da Fundação, Roberto Waack, estão sendo esclarecidos. “É importante destacar que Roberto Waack se desligou da função de diretor presidente da Amata há quase 5 anos e renunciou ao cargo de conselheiro em junho de 2016, um ano e meio antes do início de qualquer etapa da operação Arquimedes. A biografia e atuação de Waack à frente das ações de reparação são exemplos de seriedade, ética e compromisso com os melhores e mais rigorosos padrões de conduta.
Com extenso currículo na área de sustentabilidade e meio ambiente, Waack tem sua trajetória ligada a importantes organizações nacionais e internacionais como WWF Brasil, Global Reporting Initiative (GRI), Forest Stewardship Council (FSC), Instituto Ethos e Fundo Brasileiro para a Biodiversidade”.
Ainda de acordo com a Renova, não há razões para que a ação em curso interfira no trabalho que está sendo desenvolvido em toda a bacia do Rio Doce e que se mantém empenhada na reparação integral dos danos provocados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana.
Confira a nota da Amata sobre a Operação Arquimedes
“Operações como a Arquimedes, deflagrada no último dia 25 de abril pela Polícia Federal, fazem parte de um esforço necessário para controlar o desmatamento e a exploração ilegal de madeira no Brasil. Essa agenda é defendida pela AMATA desde a sua fundação, em 2005 – e por isso celebramos tal avanço nos controles ambientais.
Primeira empresa a obter uma concessão pública federal para fazer o manejo florestal sustentável, a AMATA segue os mais rigorosos padrões de produção e governança certificados por organizações internacionais independentes. Nascemos para demonstrar que é possível conciliar desenvolvimento econômico e manter a floresta em pé. Desta maneira, é um equívoco a AMATA estar entre as companhias investigadas; porém, seguimos na certeza de que esse equívoco será esclarecido ao longo da apuração dos fatos”.