Quase quatro anos após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na região Central de Minas, a Samarco anunciou que o Complexo Germano – o mesmo onde estava a estrutura que se rompeu em 2015 matando 19 pessoas – retomará suas operações sem a utilização de barragem de rejeitos. Segundo a empresa, as atividades só voltarão na mina após a implantação total de um sistema de disposição e tratamento de rejeitos que inclui a cava Alegria Sul e filtragem para o empilhamento a seco.
A mineradora, que é controlada pela Vale e pela multinacional anglo-australiana BHP Billiton, anunciou que na última terça-feira (28/05) foi finalizada a primeira etapa das obras na cava, que receberá parte dos rejeitos gerados na lavra da mina.
“O término dessa fase de obras do Sistema de Disposição de Rejeitos Cava Alegria Sul é um passo importante rumo à nossa retomada. Nossa proposta é voltar diferente, o que reforça nosso compromisso com as comunidades e toda a sociedade. Vamos voltar de forma gradual, inicialmente com 26% de nossa capacidade produtiva, operar sem barragem para disposição de rejeitos e por meio da incorporação de novas tecnologias, tendo a segurança como prioridade. Só voltaremos após a implantação completa da filtragem”, afirma o diretor-presidente da Samarco, Rodrigo Vilela.
A cava é uma estrutura que resulta do processo de lavra do minério, ou seja, trata-se da cratera deixada após a extração do metal. Ela terá capacidade para receber 9,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos, sendo que, ainda segundo a empresa, seu uso evita o impacto ambiental em outro espaço. A próxima etapa do processo que visa a retomada das atividades, já em andamento, é a montagem eletromecânica do sistema que irá bombear lama, rejeito e água.
Conforme a mineradora, a implantação destas novas tecnologias fará com que a lama gerada na exploração do minério, que representa cerca de 20% do total de rejeitos, passe por um processamento antes de ser depositada na cava Alegria Sul. Como se trata de uma formação rochosa e estável, esta nova estrutura permite a contenção natural de uma forma mais segura, também segundo a mineradora.
Outra informação divulgada pela Samarco é que a maior parte do rejeito, os arenosos, que representam 80% do total gerado, passarão a ser filtrados e empilhados a seco, sendo que no processo de filtragem será possível reaproveitar a água. As obras na cava que receberá os rejeitos começaram ainda em outubro de 2018 e são acompanhadas por uma auditoria independente.
Ao mesmo tempo, o licenciamento do complexo minerário já está em andamento na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). A empresa espera que este licenciamento seja obtido nos próximos meses. “A proposta da Samarco é reiniciar as atividades com uso de apenas um dos três concentradores. A reativação dos demais será gradual”, completa a mineradora.
Em busca de segurança
Para o diretor-presidente da Samarco, Rodrigo Vilela, o foco dos novos trabalhos é a segurança, sendo que a empresa vem dedicando “extrema atenção” às atividades de reforço e monitoramento das estruturas geotécnicas desde o rompimento de Fundão.
“A utilização de novas tecnologias e nosso Sistema Integrado de Segurança, que inclui o Centro de Monitoramento Integrado e os simulados de emergência, ampliam a segurança nas operações e envolvem as comunidades do entorno”, afirma.
Todas as estruturas são monitoradas agora 24 horas por dia, sete dias por semana e, ainda conforme a empresa, elas permanecem estáveis e possuem Declaração de Condição de Estabilidade.
1 comentário
A SAMARCO poderia agir com prudência e preparar a Usina em Anchieta/ES para voltar a operar sem Poluir a atmosfera.
Para isso basta conhecer a Tecnologia Chaveamento Seletivo, desenvolvida na UFES, que elimina até 60% do atual Pó Preto que antes da paralização da Usina, saía pelas Chaminés.
Agora há tempo para fazer Upgrades dos Precipitadores, antes do esperado reinício de operação da Usina.