O governo da África do Sul terá metade dos ministérios ocupada por mulheres, segundo anúncio do presidente Cyril Ramaphosa.
A Etiópia e Ruanda fizeram anúncios semelhantes no ano passado.
Ramaphosa diminuiu o número de ministérios de 36 para 28. Ele busca reduzir um processo de inchaço da máquina pública iniciado pelo seu antecessor, Jacob Zuma, que deixou o governo no ano passado por causa de acusações de corrupção.
O partido de Ramaphosa, o Congresso Nacional Africano, ganhou as eleições que aconteceram neste mês de maio, mas foi a vitória mais apertada nos 25 anos em que está no poder. Há frustração do eleitorado.
A luta contra a corrupção e melhorar o gerenciamento do orçamento viraram os maiores temas de governo da atual gestão.
O Congresso ainda tem líderes ligados à Zuma, o que dificulta os esforços de Ramaphosa para fazer reformas que têm como propósito restabelecer a confiança dos investidores na economia, a mais desenvolvida na África Sub-Saariana.
Jacob Zuma, ex-presidente da África do Sul, se apresenta em tribunal em Durban — Foto: Reuters/Nic Bothma
A criação de empregos é outro desafio enorme em um país com uma taxa de desemprego de mais de 25%. O apartheid terminou em 1994, e há uma população cada vez maior que não chegou a conhecer o sistema racial daquele regime.
“As pessoas que estou nomeando precisam entender de que as expectativas do povo sul-africano nunca foram tão grandes, e que elas terão que aguentar uma grande responsabilidade”, afirmou Ramaphosa, em um discurso que salientava a necessidade de um governo ético.
O novo ministério seguirá com pelo menos três ministros da gestão anterior –um deles, David Mabuza, o chefe de governo, enfrenta acusações de corrupção, que ele nega.
A oposição criticou o presidente por manter Mabuza. A escolha foi o primeiro teste de como Ramaphosa vai lidar com a corrupção, afirmam seus adversários políticos.
“Infelizmente, Ramaphosa colocou os interessas de facções do Congresso acima dos interesses do povo da África do Sul”, disse, em um comunicado, o maior partido de oposição, o Aliança Democrática.
O novo presidente incluiu também novos nomes no ministério, notadamente oriundos da juventude do partido do Congresso, que ocuparão as pastas da Justiça e de serviços de penitenciária e de assuntos internos.
Ramaphosa nomeou uma política de um partido de oposição para ocupar o ministério de Infraestrutura e Serviços Públicos e excluiu uma aliada do ex-presidente Zuma, o que foi considerado inusitado na África do Sul.
Ele fez uma fusão de duas pastas, a da Reforma Agrária e a da Agricultura, em um ministério só, que será comandado por uma ex-parlamentar.