Minas Gerais é o estado com o maior número de estabelecimentos produtores de cachaça e aguardente de cana no Brasil e o que tem o maior número de produtos registrados, segundo o Anuário da Cachaça, lançado nesta semana pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Entre os estabelecimentos produtores da bebida, quase metade dos registros do ministério estão em Minas: são 421 no estado para um total no país de 951, o que corresponde a 44%.
A cidade com mais registros no país é Belo Horizonte, 19 (este número considera também a Região Metropolitana); seguida por São Roque de Canaã (ES) com 10 e depois a famosa Salinas, no Norte de Minas, com nove.
Minas Gerais está bem à frente do segundo estado que é São Paulo com 126 estabelecimentos produtores registrados, de acordo com o anuário. Segundo o diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Carlos Lima, apesar de estar em segundo lugar no número de produtores registrados, SP é o maior produtor de cachaça, em volume, do país.
Lima atribuiu o maior número de produtores e produtos registrados em Minas à cultura da cachaça no estado.
“A Cultura da produção da cachaça é muito forte em Minas. A valorização da bebida também”, afirmou.
O diretor do Ibrac ainda destacou que o estado tem o maior número de produtores inscritos no Simples Nacional, que é uma categoria com menos tributos. Segundo ele, 378 empresas do ramo de cachaça e da aguardente de cana estão na modalidade. Estes produtores também foram contabilizados no levantamento.
Esta é a primeira edição do Anuário da Cachaça e leva em conta números de dezembro de 2018, conforme o Mapa. Para Lima, o estudo é “extremamente importante” para traçar políticas públicas para o setor. Ele explicou que o ministério não levantou dados sobre o volume de produção. A estimativa do Ibrac é que, por ano, o Brasil produza 700 milhões de litros de cachaça e aguardente de cana.
Em relação à exportação, Minas não lidera o segmento, é o sétimo estado, conforme o instituto. Neste caso, a liderança fica com São Paulo.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento lançou nesta semana 1ª edição do Anuário da Cachaça — Foto: Humberto Trajano/ G1
Registros de produtos
Com relação ao número de registros de produto, Minas Gerais também é o maior: são 1.430 no estado para um total de 3.648 no país, o que corresponde a 39% dos registros de cachaça.
A cidade com mais registros da bebida é a capital mineira com 134 produtos, seguida por Salinas com 124. Na terceira posição está Ivoty (RS) com 89 cachaças registradas.
Aguardente
Minas também tem o maior número de estabelecimentos produtores de aguardente de cana registrados no Mapa e também o maior número de produtos. São 155 estabelecimentos produtores e 397 produtos registrados, conforme o anuário. Em segundo nas duas categorias está o Ceará, e em terceiro São Paulo.
Diferença entre cachaça e aguardente de cana
O diretor executivo do Ibrac explicou que toda cachaça é uma aguardente, mas nem toda aguardente é cachaça. Ele também explicou que a aguardente não necessariamente é de pior qualidade.
“É incorreto informar que a aguardente tem menos qualidade que a cachaça que a cachaça tem mais qualidade que a aguardente. É equivocado”, disse.
O anuário define cachaça como: denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de 38% a 48% em volume, a vinte 20°C obtida pela destilação do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar com características sensoriais peculiares, podendo ser adicionada de açúcares até seis gramas por litro (≤ 6g/L de açúcar).
Já a aguardente de cana é a bebida com graduação alcoólica de 38% e 54% em volume, a 20°C, obtida de destilado alcoólico simples de cana-de-açúcar ou pela destilação do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar, podendo ser adicionada de açúcares até seis gramas por litro, expressos em sacarose.
Conforme o anuário, há ainda aguardente de melaço, de cereal, de vegetal, de rapadura e de melado.
Quando o assunto é aguardente de cana, Minas também é o estado com mais produtores — Foto: Humberto Trajano/ G1