Muita criticada por não conseguir criar, para as franquias de X-Men e Quarteto Fantástico, um universo tão coeso e forte quanto o que foi feito pela Disney com os outros super-heróis da Marvel, a Fox (vendida no ano passado justamente para o império de Mickey Mouse) despede-se dos mutantes liderados por Wolverine, Magneto e Professor Xavier de uma maneira digna e emocionante. Com estreia amanhã nos cinemas, “X-Men: Fênix Negra” (que faz parte da quadrilogia Primeira Classe, com o início dos X-Men) é um dos melhores filmes com o grupo de super-heróis, ao lado de “Logan”. Como neste último, que acompanha um Wolverine já envelhecido e cansado, o novo longa-metragem tem menos ação e uma trama que se desenvolve sobre culpas, responsabilidades, dores e tolerância.
Vemos boa parte dos personagens destruída por sentimentos contraditórios, sobre como receber perdas e assumir erros. Num ano em que vimos a fase 3 do universo expandido da Marvel/Disney ganhar um desfecho em “Vingadores: Ultimato”, é possível estabelecer várias conexões entre estes dois filmes (ou três, se somarmos “Guerra Infinita”), como doses de sofrimento e maior relevância dos papéis femininos. No início do filme, Mística (Jennifer Lawrence) reclama coma Xavier (James McAvoy) que a equipe deveria se chamar X-Women, tal é a participação das mulheres em situações importantes. É quase uma antecipação do que virá a seguir, em que as principais ações se concentram em Jean Gray (Sofia Turner), Mística e na vilã alienígena vivida por Jessica Chastain.
E não dá para escapar de uma comparação de Jean com a Capitão Marvel, que também ganhou um filme recente pelo lado da Disney, quando esta toma a dimensão real de seus poderes. O que salta aos olhos mesmo é o fato de Xavier assinalar, em tempos de grande relativização, sobre os caminhos do bem (família, proteção, tolerância ao diferente) e do mal (discurso de ódio, vingança e supremacia). Neste sentido, todos os personagens têm um arco dramático interessante, buscando aprender com as perdas afetivas, como a relação paterna que Xavier tem com Jean ou o abalo que Magneto (Michael Fassbender) sofre ao saber da morte de um mutante. Elementos que farão o fã sentir menos a falta de Wolverine – Hugh Jackman não quis retornar ao papel. Ver os X-Men de férias, na última cena, é como uma passagem para uma nova era em outro estúdio. FOX/DIVULGAÇÃO / N/A
Jean Grey (Sophia Turner) é a protagonista do último filme dos X-Men na FoxEm 12 filmes, Fox teve acertos e erros, sem conseguir aproveitar os elementos fantasiosos Quase duas décadas depois de o estúdio Fox lançar o primeiro “X-Men”, em 2000, o saldo para os fãs não chega a ser empolgante, mas também está longe de ser uma decepção. Após 12 longas-metragens, há acertos e erros que só não comprometeram a franquia porque, nas histórias em quadrinhos, o universo dos mutantes foi pautado por narrativas desconexas. “Ironicamente, o cinema sofreu dos mesmos problemas das HQs, com ambos marcados por reboots, inconsistências e personagens com diferentes idades entre uma história e outra. Toda essa loucura o fã já conhecia, mas, com a ida para a Disney, talvez irão organizar melhor a casa, dando maior consistência”, observa o webdesigner Thiago Rique, x-maníaco que põe alguns poréns na saída da Fox.
“O estúdio fez filmes bons, mas cometeu erros crassos. A esperança é de que a Disney acerte na dose, apesar de que, com os X-Men em outra produtora, seria a garantia de uma diversidade maior no espectro dos super-heróis, com outras cabeças pensantes tendo liberdade para criar e experimentar. A Fox tentou muito, mas tentou muita coisa errada”, avalia. Para ele, a casa antiga falhou em entender o que os fãs queriam desde o começo. “Não vimos a equipe de uniforme, enfrentando outros vilões que não fosse o Magneto. Ficaram muito com os pés no chão, embora haja elementos fantasiosos nos personagens. Praticamente não vimos a Tempestade voar e o Magneto andar flutuando”. Outro fã dos X-Men, o publicitário André Fonseca espera que a Fox encerre com chave de ouro a série. “O resultado foi bem equilibrado. Os dois primeiros filmes são muito bons, especialmente o segundo. O que abriu a Primeira Classe também gostei muito, assim como ‘Dias de um Futuro Esquecido’. Mas há outros bem ruins”, avalia. N/A / N/A