A superação de um estudante brasileiro, que dos 6 aos 13 anos viveu no abrigo Aldeias Infantis S.O.S., em Juiz de Fora, Minas Gerais. O rapaz ganhou uma bolsa e está a um passo de realizar o sonho de estudar nos EUA.
Yuri de Melo Costa, de 19 anos, vem de família humilde. Ele contou ao SóNotíciaBoa que é o primeiro da casa a fazer o Ensino Médio.
Como a mãe era dependente química, o garoto primeiro foi morar com avó. Mas ela “acabou tendo um derrame cerebral e desde então não se recuperou. Hoje não anda, não fala e não nos reconhece”, conta.
Então, o Conselho Tutelar entrou no caso e dos três irmãos dele, um foi para adoção. Yuri e os outros foram viver na Aldeia, onde ele viveu até os 13 anos.
A virada
“Quando passei a morar na Aldeia, comecei a ter muita influência de uma mãe social, que me incentivava a estudar. Também era incentivado pela diretora do Emei (escola municipal no São Benedito), que sempre me ajudava”, lembra.
A diretora viu que o menino tinha futuro e fez uma promessa:
“Ela dizia que quando eu estivesse no nono ano ela pagaria um curso para eu fazer a prova para o CTU. Ela pagou o curso. Passei e fiz o ensino médio no Instituto Federal Sudeste (antigo CTU), integrado com eletrotécnica. Essas duas mulheres foram fundamentais”, agradece.
Dois anos antes de sair da instituição, em 2012, a mãe de Yuri morreu e o garoto, então com 13 anos, recebeu um convite.
“Fui convidado por alguns alunos do Colégio Militar para fazer parte do projeto CID (criatividade, inovação e dinâmica), onde fez o Ensino Médio.
Lá ele participou de uma pesquisa sobre a evasão escolar, que mudaria sua vida.
“Organizamos palestras acerca de saúde mental, divulgando oportunidades para os alunos do ensino médio e, no ano passado, fizemos uma palestra sobre a consciência negra”, conta.
Hoje ele é estudante do 4° Ano – Pratica Profissional do IF Sudeste MG – Campus Juiz de Fora.
Como bolsista do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do IF Sudeste e presidente do grêmio da instituição, ele começou a fazer “a ponte”entre os alunos e a escola nos conselhos de campus.
Aprovado nos EUA
O trabalho com os estudantes rendeu frutos.
Em dezembro, Yuri foi aprovado pelo programa Watson Institute’s Fall 2019 Semester Incubator, uma incubadora semestral para desenvolvimento de projetos sociais.
“Resolvi escrever sobre evasão escolar, um problema que não afeta apenas o Brasil, mas a América-Latina como um todo”, revela.
Vaquinha
“No entanto, mesmo após receber uma bolsa generosa, não tenho condições para arcar com o restante do programa”, escreveu Yuri na página que abriu em março, no Vakinha, para levantar dinheiro.
Ele precisa de 17 mil reais e arrecadou a metade, até o fechamento desta matéria.
“No Watson Institute, vou ter a oportunidade de desenvolver esse projeto e ter contato com pessoas que já tem projetos sociais na área de educação e de outras áreas”, diz.
“No final do programa de quatro meses, com a ajuda do mentor, vou apresentar esse projeto para a comunidade acadêmica do Watson e de Boulder, no Colorado. É como a apresentação de um TCC no Brasil. Depois de certificado, volto para o Brasil”, explica.
Acreditar
Yuri é mais uma prova de que é preciso acreditar, focar e se esforçar mudar os rumos da vida.
“Agradeço todas as dificuldades que passei na vida. Elas foram grandes adversárias, mas que tornam as minhas próprias mais saborosas”, escreveu o jovem no perfil dele no Instagram.