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Mesmo pressionado para reduzir a taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central (BC) deve manter os juros no mesmo patamar, em 6,5% ao ano. Analistas defendem que, desde o último encontro, em maio, os fundamentos macroeconômicos de pouca demanda e investimentos já demonstram a necessidade de cortes. Na sexta-feira (14/06), o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) de abril reforçou o cenário desfavorável, com queda de 0,47% no resultado do mês.
Apesar de considerar uma redução da Selic necessária, economistas consideram que uma queda na próxima quarta-feira (19/6) pode gerar ruídos no mercado, já que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem sinalizado que a intenção é aguardar mais a definição de cenários. A autoridade monetária quer esperar a evolução da reforma da Previdência na Câmara, tema essencial para impedir que a inflação suba drasticamente.
Para o economista do Banco Daycoval Rafael Cardoso, no entanto, a baixa de maio e a expectativa de deflação em junho, além do fraco desempenho da economia, já abririam uma janela para a redução dos juros. “Os fundamentos já mostraram que, desde maio, o BC poderia ter cortado a Selic”, destacou. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 4,66% no acumulado de 12 meses, mas os próximos resultados vão levar a taxa para níveis abaixo de 4%, de acordo com analistas. A projeção do mercado é de que o indicador terminará o ano em 3,89%.
Isso porque a falta de consumo e os níveis de atividade setoriais têm refletido no enfraquecimento da economia. No início do ano, os analistas acreditavam que o PIB cresceria 2,5% em 2019. Atualmente, as estimativas estão em 1%, com viés de baixa. O cenário externo tem sido mais favorável, com grandes chances, inclusive, de que os Estados Unidos reduzam os juros. Uma taxa mais alta no país leva a saída de recursos de nações emergentes, como o Brasil.Continua depois da publicidade
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Cardoso avalia que Campos Neto tem tentado mostrar uma postura mais conservadora para garantir confiança do mercado. “Se fosse um BC com o histórico do Ilan (Goldfajn, antigo presidente), talvez já tivesse agido. Ele ainda está fazendo a sua imagem para passar uma boa impressão para o mercado”, destacou. O economista entende, porém, que é preciso agir, já que os números da economia são desfavoráveis e a recuperação econômica está fraca.
O economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, porém, acredita que na reunião de julho o BC não deve escapar de cortar a Selic. “Somam evidências de que existe uma total falta de demanda na economia. Trabalhamos com três cortes neste ano, começando na reunião do próximo mês. As três reduções de 0,25 ponto percentual, o que levariam a Selic para 5,75% ao ano”, destacou. Segundo especialistas, a atividade está estagnada e, caso a reforma da Previdência não passe ou seja aprovada com impacto fiscal pequeno, a tendência é de volta para a recessão profunda.Impacto menor em decisão do STF.
O Ministério da Economia divulgou nota de esclarecimento sobre o impacto fiscal da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em abril, sobre créditos a empresas que compram insumos na Zona Franca de Manaus. Na época, o titular da pasta, Paulo Guedes, estimou que seria de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões por ano, bem acima dos R$ 2,3 bilhões informados nesta sexta-feira (14/6). O valor também está abaixo do divulgado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que estimou impacto de R$ 16 bilhões. De acordo com a nota, “se a decisão se estendesse a todos os produtos, o impacto total seria de R$ 16,2 bilhões por ano”. A decisão do STF manteve o direito de empresas que compram insumos isentos de impostos na região contabilizem como crédito tributário o valor do IPI que incidiria sobre o produto.