Atividades corriqueiras como pegar um ônibus, olhar as horas ou até ler esta reportagem são tarefas que 1 milhão de mineiros não conseguem fazer. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada ontem pelo IBGE, 5,8% da população do Estado é analfabeta.
Apesar disso, o cenário em Minas é melhor do que no restante do país, onde o índice de analfabetismo está em 6,8%. A meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE) era atingir 6,5% até 2018 para que, em 2024, todos os brasileiros soubessem ler e escrever. Mas, para chegar até lá, ainda será preciso um trabalho árduo. Hoje, sete em cada dez analfabetos mineiros são pretos e pardos.
Estrutural
Para especialistas, a pesquisa retrata a desigualdade da sociedade. “Quando a mãe e o pai são iletrados, pode ser que o filho reproduza este cenário por falta de oportunidades. Às vezes, ele terá que trabalhar para suprir necessidades básicas da família que, sem educação, possui renda menor”, analisa a mestre em literatura e professora das Faculdades Keneddy e Promove, Renata Paula de Oliveira.
Para o coordenador do projeto Pensar a Educação, da UFMG, Luciano Mendes, não basta investir só em escolas. “É preciso olhar estratégico, por exemplo, em programa de transferência de renda e inserção profissional para que as famílias consigam colocar suas crianças e adolescentes nas instituições”.
Em nota, o Ministério da Educação informou que faz, em conjunto com os estados, “análises de políticas para cumprir as metas do PNE”. Apesar do cenário desfavorável, a pasta acredita que ser possível “erradicar o analfabetismo” em um cenário próximo.
Já o governo de Minas ressaltou que o Estado tem índices abaixo da média nacional e que programas como o Escola Integral, que deve ter a reinserção de vagas até o ano que vem, vão proporcionar melhoria na estrutura da educação.