Clássico se define no campo, e a história da rivalidade entre Atlético e Cruzeiro é repleta de momentos em que quem chegava mais forte na teoria acabou superado pelo principal rival quando a bola rolou. Mas não há dúvidas de que Galo e Raposa vivem momentos distintos e chegam ao confronto que apontará um dos semifinalistas da Copa do Brasil, a partir do dia 11, em condições diferentes.
Não só em relação às respectivas campanhas no Campeonato Brasileiro – o alvinegro ocupa a quinta posição, na zona de classificação à Libertadores, enquanto o time celeste está na zona de rebaixamento, o que se reflete na motivação e na pressão para mais um confronto. Mas também no momento político e administrativo distinto, que acaba refletindo no gramado e nas opções à disposição dos respectivos treinadores.
Enquanto Rodrigo Santana pode contar com três reforços (além do retorno do lateral direito Guga, campeão do Torneio de Toulon com a Seleção Brasileira Olímpica), Mano Menezes perdeu duas opções. Jogadores que não vinham atuando como titulares, mas que sempre podem ser úteis num momento decisivo.
Agora oficializado no comando técnico atleticano, Santana passa a contar com mais um jogador para a lateral esquerda: o uruguaio Lucas Hernández, contratado ao Peñarol – um setor que exigia improvisações nos momentos de queda de rendimento do titular Fábio Santos. No meio-campo, o volante paraguaio Ramón Martínez, apresentado ontem, se soma a Adílson, Zé Welison e Elias, que, tudo indica, vai renovar seu contato com o clube.
E o poder de criação do time, bem como as oportunidades em bola parada, se encorpam com o retorno do meia venezuelano Otero de empréstimo ao Al-Wehda, da Arábia Saudita. Ainda que dificilmente ele retorne como titular, considerando o bom momento da formação atual, pode tirar parte do peso da armação de jogadas de Luan e Cazares e aparecer como arma para manter o ritmo no ataque no decorrer das partidas.
Vende-se
Pelo lado celeste, a delicada situação financeira, com o crescimento exponencial da dívida, tornou obrigatório o enxugamento da folha salarial e o esforço para vender jogadores que possam proporcionar um reforço ao combalido caixa. Exatamente o que ocorreu com o zagueiro Murilo, repassado por 2,5 milhões de euros ao Lokomotiv-RUS. Se ele não vinha repetindo este ano o desempenho de suas primeiras atuações com a camisa celeste, um setor que se tornou dor de cabeça depois da conquista do título mineiro – a defesa celeste é a mais vazada do Brasileirão ao lado da do Fluminense –, passa a ter apenas Fabrício Bruno como opção imediata para as vagas de Leo e Dedé (o jovem Cacá foi incorporado ao grupo).
O mesmo acontece no meio-campo. O clube preferiu não renovar o empréstimo de Lucas Silva do Real Madrid e o volante foi liberado – os portugueses do Benfica manifestaram interesse na sua contratação. Éderson, contratado para o Sub-20, acabou integrado ao time principal, num momento em que a ausência do lateral colombiano Orejuela, contundido, obrigou Mano a deslocar Lucas Romero para a posição revezando-se com Edílson. A posição de segundo volante, aliás, tem sido uma das dores de cabeça recentes do treinador, com Ariel Cabral em má fase e Jadson mantido no banco e usado no decorrer das partidas.