Com cerca de 400 alunos da educação infantil, a Escola Municipal Coronel Câncio, em Barão de Cocais, está sem energia elétrica há dois dias por falta de pagamento. Desde abril, quando houve a elevação para nível 3 (risco iminente de rompimento) da barragem Sul Superior, na Mina Gongo Soco, as aulas da escola são realizadas no prédio da Faculdade Fundação Presidente Antônio Carlos (Fupac).
De acordo com o secretário municipal de Educação, Rondinelly Gomes, as contas foram pagas na tarde de quinta-feira (27/06) e a solicitação de religamento já foi feita junto à Cemig. Se houver energia nesta noite, os alunos da faculdade poderão usar o prédio. Do contrário, terão aulas na Escola Nossa Senhora do Rosário, como aconteceu na quarta-feira (26). Os alunos de 3 a 5 anos da Coronel Câncio não tiveram as aulas canceladas.
Gomes explica que, quando a prefeitura fez requisição administrativa do uso da Fupac para abrigar a escola infantil, comprometeu por meio de decreto a pagar os custos com água e energia. Mas a Secretaria de Educação solicitou à Vale, em abril, que arcasse com esse compromisso, pois as contas da Fupac são muito superiores às do endereço original da escola. Já a mineradora afirma que a solicitação não foi feita.
“Negociamos com a Vale e, na semana passada, o responsável pelas relações institucionais da empresa me pediu que encaminhasse as contas por e-mail. Elas foram enviadas e imaginei que o problema havia sido resolvido. Mas ontem (quarta) fui surpreendido com a informação de que a energia havia sido cortada. A empresa, então, nos disse que não vai pagar porque no decreto está dito que é a prefeitura quem deve fazer”, contou. As contas, três da Cemig e duas da Copasa, somam aproximadamente R$ 10 mil.
Para o secretário, mesmo que a mineradora não possa pagar pelas contas de manutenção da escola, a empresa deve dar uma reparação à prefeitura. “Apesar de termos pago essas contas num primeiro momento, espero que a empresa se manifeste para reparar esses valores, que destinem um recurso à prefeitura para manter as turmas funcionando normalmente”, diz Gomes, acrescentando que possui ofícios e e-mails enviados à Vale sobre as contas em questão.
Além da Escola Municipal Coronel Câncio, outra instituição de ensino da cidade teve de mudar de endereço por causa do risco de rompimento da barragem Sul Superior. É a escola Mestre Quintão, que ficava em Socorro, comunidade que teve de ser evacuada em fevereiro, quando o nível da barragem aumentou para nível 2. Ela atualmente funciona em um imóvel alugado pela mineradora. Nos dois casos, a Vale teve de fazer adaptações nas estruturas para atender aos alunos.
Procurada pela reportagem, a Vale infirmou que realizou obras de melhoria e adequação nas dependências da faculdade, para atender aos alunos da escola municipal. “A empresa esclarece que não lhe foi solicitado a avaliação do pagamento de despesas de manutenção do prédio. Ciente, no entanto, do seu comprometimento com a comunidade de Barão de Cocais, a empresa mantém interlocução com a prefeitura para entender as demandas e, sendo possível, viabilizá-las da melhor forma”, disse a empresa por meio de nota.
A Cemig informou que a energia elétrica da Fupac, em Barão de Cocais, foi desligada nesta quarta pela falta de pagamento de uma conta vencida em 17 de maio passado, no valor de R$ 2.180,65, e que, no dia 7 de junho, foi emitido aviso de que poderia ocorrer o desligamento a qualquer momento caso a fatura vencida não fosse quitada.
A conta permanece em aberto, segundo nota enviada às 17h. Mesmo assim, a empresa diz que religou a energia no local. “Isso possibilitará o retorno das aulas, enquanto prosseguirem as negociações da Prefeitura Municipal com a Vale para o pagamento das contas de energia do local, onde ocorrem as atividades de uma escola desativada devido ao risco de desabamento da barragem de Gongo Soco”, diz a Cemig.