Minas Gerais vai entrar na rota do combustível do futuro: o lítio. Até setembro do ano que vem, a Sigma Mineração vai investir R$ 620 milhões em uma planta localizada em Itinga, no Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do Estado, gerando pelo menos 500 empregos na primeira fase do projeto, que já nasce com previsão de ter a produção dobrada no médio prazo. Do montante, R$ 120 milhões já foram aportados em prospecção do mineral, iniciada em 2012. E as pesquisas foram consideradas um sucesso.
A companhia detém uma área de 18 mil hectares em Itinga e Araçuaí, onde há nove minas, todas desativadas. Uma sonda foi passada em quatro delas e os resultados foram melhores do que os esperados. “Já temos as licenças Prévia e de Instalação. Esperamos receber a Licença de Operação assim que as obras forem concluídas e a planta entrar em funcionamento, em setembro de 2020”, afirma o presidente da companhia, Itamar Resende.
Considerado o petróleo do futuro, o lítio é utilizado na produção de baterias de carros e ônibus elétricos, além de baterias para telefones celulares e tablets. O mineral encontrado no Vale do Jequitinhonha seria suficiente para abastecer o Brasil. No entanto, o país não possui tecnologia, ou interessados, para fabricar os produtos.
Na avaliação do executivo, a expectativa é a de que após a instalação da planta outras empresas do setor migrem para a região, aumentando a geração de empregos no Vale do Jequitinhonha.
“O Brasil tem um mercado muito grande e, sem dúvida, será um grande consumidor de lítio. Estamos dando aqui um grande passo para que isso aconteça. A instalação da planta vai garantir matéria prima em boas quantidade e qualidade para atrair futuros investidores. Sem matéria prima, ninguém vem. Vamos dar o primeiro passo”, diz
Mercado, de acordo com ele, não vai faltar. Afinal, o Brasil possui uma das maiores frotas de ônibus do mundo. “Hoje, o mercado principal para uso do lítio, sem dúvida, é a China, que será o nosso maior foco. É na China que está concentrado o desenvolvimento da cadeia do lítio. Devemos, também, fornecer para EUA e Europa”, afirma o presidente.
A qualidade do material encontrado no local chama a atenção. Minerado com teor de 1,47%, índice que chega a 6% após o beneficiamento, considerado um dos melhores do mundo.
Anualmente, a previsão é extrair 220 mil toneladas de lítio por ano na primeira fase do projeto. Na segunda etapa, ainda sem data para começar, a empresa pretende dobrar a produção para 440 mil toneladas anuais.
“E todo o beneficiamento será a seco, sem barragem, em operação chamada de ‘empilhamento a seco’”, explica o presidente. Além disso, ele afirma que 90% da água utilizada na planta será de reuso.
Municípios terão injeção de R$ 265 mi e geração de 500 empregos
Prefeitos de Itinga e Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, estão otimistas com os impactos positivos da planta de lítio da Sigma Mineração nas cidades, localizadas no Vale do Jequitinhonha. Além da geração de 500 postos diretos de trabalho, a companhia deve pagar cerca de R$ 265 milhões em Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), também conhecido como royalties da mineração, nos primeiros 14 anos de atuação. A expectativa é a de 75% dos empregados sejam da região.
Os empregos indiretos também devem ser levados em consideração, conforme afirma o prefeito de Araçuaí, Armando Jardim Paixão (PT). Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a cada emprego direto gerado na mineração outros 11 indiretos são criados em outros segmentos, culminando em 5 mil postos.
“Hotéis, restaurantes, fornecedores de uniformes, tudo isso é movimentado pela instalação da planta”, afirma o prefeito da cidade de 37 mil habitantes, cuja economia é movimentada principalmente pelos profissionais liberais e agricultores familiares.
Ele afirma que ainda não há sondagens para a instalação dessas novas empresas na região, mas acredita que no curto prazo a prefeitura comece a receber interessados. Vale ressaltar que embora a planta fique em Itinga, localizada a 40 km de Araçuaí, a previsão é a de que moradores das duas cidades sejam empregados no local.
“Pessoal interessado em trabalhar a região tem, mas a empresa terá que investir em capacitação da mão de obra. Também temos que lembrar que muita gente qualificada que é daqui foi trabalhar fora. Sabemos que essas pessoas voltarão se tiverem oportunidade”, pondera o prefeito de Itinga, Adhemar Marcos Filho (PSDB).
De acordo com o presidente da Sigma, Itamar Resende, 75% dos empregados serão da região. “Só vamos levar de fora cargos muito específicos, que não forem encontrados no Vale do Jequitinhonha”, diz.
Nossas escolhas
Mineradora investirá R$ 620 milhões em ‘petróleo’ do futuro no Vale do Jequitinhonha
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