Com Istoé
A indústria brasileira quer lançar quatro mísseis que vão reduzir a dependência do País das compras internacionais. Se der certo, talvez surja um novo período de exportações militares, como ocorreu entre o final dos anos 1970 e a década de 1980 — só que dessa vez com equipamentos mais caros. O primeiro míssil a entrar em operação deve ser o A-Darter, desenvolvido com a África do Sul. É uma arma antiaérea de curto alcance lançada de um caça, como o sueco Gripen, que o Brasil pretende comprar e que os sul-africanos já utilizam. Ágil e capaz de travar um alvo a vinte quilômetros, o A-Darter vai permitir que dois países em desenvolvimento concorram com EUA, Rússia, China, Israel e consórcios europeus. O investimento brasileiro foi de US$ 130 milhões ao longo de treze anos.
O projeto que mais atrasou é o do MSS 1.2 AC, um míssil anticarro para o Exército. Solicitado em 1986, foi prejudicado pela falência de empresas envolvidas e será incorporado a partir de 2020 . O equipamento é carregado por dois soldados e pode “neutralizar” qualquer veículo blindado. Não que vá pulverizar tanques russos ou americanos. “Basta um tiro na esteira para tirar de combate”, informa o Exército. O MTC-300 Matador é um míssil pesado disparado de caminhões Astro. O armamento segue em testes em Barreira do Inferno (RN). A ser incorporado pelo Exército, foi planejado para destruir pontes e instalações. Para evitar sanções, o Brasil limitou seu alcance a 300 quilômetros.
Há também o Mansup, um míssil antinavio que equipará as fragatas e corvetas brasileiras a partir de 2021. Seu desenvolvimento teria custado US$ 100 milhões e demorou onze anos. Guiado por radar e com alcance de 70 quilômetros, é uma versão do Exocet francês, modernizado desde a Guerra das Malvinas, em 1982. Os preços unitários das novas armas não estão definidos — e talvez jamais sejam. “Vendas militares sofisticadas sempre incluem peso político”, explicou à ISTOÉ um oficial aviador da reserva.