Uma grande movimentação foi detectada por meio de um radar na barragem B1 do Córrego do Feijão, em Brumadinho, 11 dias antes do rompimento que matou pelo menos 246 pessoas. Essa foi a informação transmitida pelo operador de radar interferométrico Tércio Costa, em depoimento prestado na tarde desta segunda-feira (1º/07) à CPI de Brumadinho da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
O funcionário relatou aos deputados que as medições anteriores variavam entre 200 e 400 metros quadrados. No dia 14 de janeiro, ao inspecionar toda a barragem com o radar, ele detectou uma deformação em uma área de 14.800 metros quadrados. O dado apontaria para uma movimentação considerável na estrutura.
Costa disse que, imediatamente, reportou o caso aos superiores. Pouco tempo depois, um dos chefes teria lhe procurado para informar que outros parâmetros e medições não apontavam alterações. O operador de radar explicou que era um funcionário de baixo escalão e não poderia emitir qualquer alerta de segurança.
Tales Bianchi, gerente de planejamento da Vale, que teria confiscado o computador de Tércio Costa logo após a tragédia, também prestou depoimento e afirmou aos deputados que entregou o equipamento às autoridades policiais sem alterar os dados.
Acareação
Para alguns deputados presentes, esse depoimento foi fundamental para sustentar a teoria de que a Vale sabia que havia instabilidade na barragem B1 antes de 25 de janeiro e que teria se omitido ao não realizar procedimentos padrões de segurança.
A intenção dos membros da CPI é fazer uma acareação entre pelo menos quatro gerentes da Vale responsáveis pela barragem para confrontar as versões do que aconteceu nos dias que antecederam a tragédia. A data da acareação ainda não foi marcada.
Na manhã desta quinta-feira (04/07), a CPI recebe, na condição de investigados, Lúcio Cavalle e Silmar Silva, diretores da Vale. Eles coordenam gerências de geotecnia, sendo uma operacional e outra corporativa. As duas áreas, segundo apurações da CPI, estão empurrado uma para a outra as responsabilidades pela tragédia.
A Vale foi procurada pela reportagem, mas ainda não deu retorno.
Fonte: ALMG