Uma acareação entre engenheiros e um funcionário da Vale foi marcada para a próxima quinta-feira (11/07), na CPI de Brumadinho na Assembleia Legislativa de Minas Gerais que apura as causas do rompimento da barragem da mineradora.
Estarão presentes o geólogo Cesar Grandchamp, o gerente de área da empresa, Enzo Albieri, e os engenheiros geotécnicos Cristina Malheiro e Artur Ribeiro. Todos são obrigados a comparecer à CPI, a menos que consigam um habeas corpus.
O procedimento foi definido para colocar os engenheiros frente a frente com Fernando Henrique Barbosa Coelho, que trabalhava no setor de bombeamento de minério da Vale na época da tragédia. Segundo depoimento prestado por ele nesta segunda-feira, vazou lama no meio do ano passado na barragem, e o pai dele, Olavo Coelho, que morreu na tragédia, foi acionado para resolver o problema. “Uns seis, sete meses antes do rompimento chamaram meu pai. Tava a Cristina Malheiro, o gerente geral e o responsável pelo sistema da mina na barragem. Estava brotando lama da grama, para você ter ideia. Se vazou para fora, é porque por dentro já está tudo comido”.
Fernando ainda conta que só depois do vazamento da lama no ano passado a mineradora começou a tomar providências. “Depois que teve esse negócio começou a instalar a sirene, fazer procedimento de rota de fuga, treinamento”.
De acordo com Fernando, na época o pai dele alertou os engenheiros que a estrutura estava condenada e que se romperia a qualquer momento. “Ele falou ‘filho, fica no ponto mais alto ali, qualquer barulho você corre, porque isso aqui vai estourar a qualquer hora’. Na hora que ele me falou isso no outro dia eu falei ‘pai você não falou nada disso com o Alano, Cristina, com ninguém?’ E ele disse ‘falei. Falei assim: tem que tirar o pessoal do Córrego do Feijão, tirar tudo para baixo’. Eles falaram ‘não pode parar, aqui é muito emprego, gera muito emprego, não pode parar’. Aí meu pai falou ‘mas isso aqui vai estourar com nós agora,está condenado, ninguém segura isso aqui mais não”.
Mesmo depois de cinco meses da tragédia, Fernando conta que a vida não voltou ao normal e lamenta as perdas que teve. “Minha vida está toda virada do avesso. Perdi pai, perdi primo, mas não é só isso, não. Tem quase 18 anos que eu trabalho ali, perdi mais de 150 amigos que eu conheci filho, irmão, pai”.