Os Estados Unidos afirmaram hoje (22) que um caça venezuelano de fabricação russa “seguiu de forma agressiva” uma aeronave de reconhecimento das Forças Armadas americanas que realizava uma missão em espaço aéreo internacional.
“Um Su-30 Flanker da Venezuela seguiu de forma agressiva a aeronave americana EP-3 a uma distância insegura em 19 de julho, pondo o perigo a tripulação e a aeronave”, afirmou o Comando Sul, um dos comandos de combate do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
Segundo o órgão, o EP-3 “estava realizando uma missão reconhecida e aprovada em espaço aéreo internacional sobre o mar o Caribe”.
Posteriormente, o Comando Sul informou que o avião americano realizava de maneira rotineira “missões de detecção e vigilância” na região para poder garantir a “segurança e proteção” dos cidadãos americanos e dos parceiros dos EUA sem violar as normas “e regras internacionais”, enquanto o piloto da aeronave venezuelana atuou de uma “maneira pouco profissional”.
Além disso, o comando americano advertiu que “esta ação demonstra o irresponsável apoio militar da Rússia” ao regime “ilegítimo” de Nicolás Maduro, assim como a “imprudência e o comportamento irresponsável” do governo venezuelano, que dificulta “o direito internacional e os esforços para resistir ao tráfico ilícito”.
A nota acrescenta que o governo venezuelano continua “violando” as leis internacionais e demonstra o seu “desprezo” pelos acordos que autorizam os EUA e outras nações a “realizar voos de forma segura” no espaço aéreo internacional.
Os venezuelanos, por sua vez, disseram que, na última sexta-feira, rechaçaram “a incursão de uma aeronave de reconhecimento e inteligência dos EUA” sobre o território do país.
O comunicado do regime chavista ainda aponta que o avião americano não informou sua presença e, por isso, teria sido interceptado e depois escoltado para fora do espaço aéreo venezuelano.
Provocação
O governo venezuelano também disse que o voo da aeronave americana era uma “provocação direta” e uma violação de tratados internacionais de soberania.
Em junho de 2006, o então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou a compra de 24 caças de longo alcance Su-30 da Rússia para substituir os F-16 americanos na Força Aérea venezuelana.
Durante uma viagem oficial no mês passado pela América do Sul, o almirante Craig Faller, responsável pelo Comando Sul dos EUA, disse que a crise na Venezuela se encontra “estagnada” e que, do ponto de vista militar, a situação requer uma “certa paciência estratégica”.
“Mas o mundo continua unido a favor do governo legítimo da Venezuela e em apoio a uma transição a um estado democrático”, acrescentou Faller, que especificou que seu papel como militar “é apoiar a política dos EUA, trabalhar nas áreas de Inteligência e Informação, e planejar todas as decisões”.
O governo americano liderou o apoio que 50 países expressaram ao líder opositor Juan Guaidó, chefe do parlamento, e que, no último dia 23 de janeiro, se proclamou presidente interino da Venezuela.