Desde o dia do rompimento da barragem em Brumadinho, há exatos seis meses, a Polícia Civil de Minas Gerais recebeu 713 corpos ou segmentos corporais encontrados por bombeiros em meio à lama de rejeitos. Neste período, foram identificados 248 mortos, mas 22 nomes permanecem na lista de desaparecidos.
De acordo com a corporação, 128 casos envolvendo partes de corpos ainda estão em processo de identificação. Isso acontece porque o trabalho de comparação de DNA é bastante complexo. “A maior parte do material que chega hoje ao IML (Instituto Médico Legal) está segmentada, extremamente decomposta e contaminada pelos metais presentes na lama em que os corpos estão”, informou a corporação.
Um dos problemas analisados pelos peritos, segundo a polícia, é que o minério interfere no pH dos reagentes utilizados para a extração do DNA. Quando isso acontece, o material tem que ser “lavado” e o processo, repetido.
Outra dificuldade apontada pelos peritos é o trabalho com ossos, já que a extração de DNA de células ósseas é bem mais complexa do que de outros materiais corpóreos, como pedaços de músculos e cartilagem – que têm se tornado mais escassos no processo de buscas.
A Polícia Civil informou, ainda, que aguarda a doação de um sequenciador de DNA de última geração, pela Vale, que poderá auxiliar no processo de identificação dos 22 casos remanescentes.
Importante lembrar que os segmentos ainda não identificados podem ser referentes a vítimas que já tiveram mortes confirmadas. No dia 11 deste mês, o Corpo de Bombeiros encontrou um corpo incompleto na lama, mas o exame indicou que ele era de uma vítima identificada em fevereiro.
E o trabalho intenso de buscas por desaparecidos continua sendo realizado pelo Corpo de Bombeiros. Na quinta-feira (25/07), quando a tragédia completa seis meses, a corporação reforçou o compromisso de contar com a atuação de 135 militares diariamente nas buscas. A última vez em que os bombeiros localizaram um corpo que ainda não havia sido identificado aconteceu no dia 5 de julho.