Em um momento delicado para a construção civil, ao menos 37,9% dos empresários do setor têm como principal preocupação a baixa demanda interna de execução de projetos, segundo estudo publicado ontem pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Além disso, em Minas Gerais, o setor trata com receio a liberação de parte do FGTS, que promete injetar R$ 40 bilhões na economia do país, mas pode comprometer o principal meio de financiamento de imóveis.
O estudo da CNI, referente ao primeiro semestre de 2019, aponta um leve crescimento de 2% de insatisfação do empresariado com a baixa demanda interna. No primeiro trimestre deste ano, eram 35,2% de empresários satisfeitos, contra 37,3% no acumulado dos seis meses deste ano. Estudo do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) publicado em julho deste ano mostrou que a habitação, que teve 90,64% dos recursos enxugados, foi a área mais afetada com o contingenciamento de R$ 31 bilhões determinado pelo Planalto.
Mesmo diante desse quadro, a CNI avalia que o cenário atual é “menos negativo” do que o projetado no início do ano, apresentando “sinais de melhora”.
Para o diretor da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Ricardo Catão, parte do otimismo da construção civil está atrelado às reformas capitaneadas pelo governo federal, como a da Previdência.
“A nossa expectativa é que os investimentos comecem a retornar a partir da aprovação das reformas, que vai dar mais segurança ao mercado para investir. É claro que não será imediato, mas é o necessário para o economia se aquecer”, diz Catão.
Ainda assim, o Sinduscon-MG observa com cautela a medida anunciada pelo governo nesta semana porque, comumente, o saldo acumulado do FGTS é usado para o financiamento de imóveis. Já neste ano, com a autorização para os saques de até R$ 500, a expectativa é injetar R$ 28 bilhões na economia.
“Ainda que seja positivo o dinheiro movimentando a economia, há um receio de o FGTS deixar de ser usado para a compra da casa própria. Vamos aguardar o governo, que diz que não haverá impacto nesse sentido. Estamos otimistas”, avalia Catão.
Outros problemas
A pesquisa da CNI também identificou que o empresariado brasileiro identificou como principais problemas, no primeiro semestre deste ano, a falta de capital de giro (28%), a inadimplência dos clientes (25,6%), a burocracia excessiva (24,2%), as taxas de juros (23%) e a ausência de mais financiamentos a longo prazo (14,3%).