Com o objetivo de apurar propinas disfarçadas de doações eleitorais, que somariam cerca de R$ 120 milhões, 120 agentes da Polícia Federal cumprem, na manhã desta quarta-feira (31/07), um mandado de prisão preventiva, cinco de prisão temporária e outros 33 de busca e apreensão em Belo Horizonte e em outras 14 cidades brasileiras. Além disso, foi determinado o bloqueio de ativos financeiros dos investigados.
A capital mineira é um dos alvos da 62ª fase da operação ‘Lava Jato’, denominada Rock City, que é feita em cooperação com o Ministério Público Federal e a Receita Federal. De acordo com a PF, empresas do Grupo Petrópolis teriam mascarado o pagamento de propinas como se fossem doações para campanhas eleitorais.
Segundo a PF, o conglomerado investigado teria ajudado empreiteira Odebrecht a fazer a operação ilícita conhecida como ‘dólar-cabo’ – quando ocorre a troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior.
A ação ocorre também em São Paulo (Boituva, Fernandópolis, Itu, Vinhedo, Piracicaba, Jacareí, Porto Feliz, Santa Fé do Sul, Santana do Parnaíba e São Paulo), Mato Grosso (Cuiabá), Mato Grosso do Sul (Cassilândia) e Rio de Janeiro (Petrópolis e Duque de Caxias). Os mandados foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná.
O esquema
A suspeita é que offshores relacionadas à empreiteira realizavam transferências de valores para offshores do grupo investigado, o qual disponibilizava dinheiro em espécie no Brasil para realização de doações eleitorais. Uma offshore é uma empresa ou conta bancária aberta em territórios onde há menor tributação.
Ainda segundo a polícia, um dos executivos da Odebrecht afirmou, em colaboração premiada, que utilizou o Grupo Petrópolis para realizar doações de campanha eleitoral para políticos de outubro de 2008 a junho de 2014. A ação resultou em dívida de R$ 120 milhões não contabilizada pela empreiteira com o grupo investigado. Em troca, a companhia investia em negócios do Grupo Petrópolis.
Conforme a investigação, os fatos nesta fase estão relacionados às atividades do setor de operações estruturadas da empreiteira, responsável por viabilizar os pagamentos ilícitos do grupo, de forma profissional e sofisticada, e, assim, evitar o rastreamento dos valores e a descoberta dos crimes.
Os valores ilícitos movimentados teriam sido destinados a pagamento de propina a funcionários públicos da Petrobras e da administração pública brasileira e estrangeira. Por fim, a polícia também apura o crime de lavagem de dinheiro. Os investigados tiveram os ativos financeiros bloqueados.
Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal no Paraná, onde serão interrogados.