Nada menos que 1.500 campos de futebol. Esse é o tamanho do estrago provocado pelas chamas apenas nas unidades estaduais de conservação e no entorno delas em Minas. Ao todo, 1.449 hectares viraram cinzas. Foram 178 incêndios – a maioria, provocados por ação humana – nas áreas protegidas, de janeiro a julho deste ano. Os dados, no entanto, são parciais. Além disso, a situação tende a se agravar. Agosto a outubro são os meses com mais incidência de fogo.
“Sem dúvida, esperamos uma temporada mais difícil do que a de 2018”, garante o gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Rodrigo Bueno Brandão. O servidor estima que até 15 mil hectares sejam destruídos só no período crítico.
Embora possa ser provocado naturalmente, como por raios, o fogo tem relação direta com as pessoas, seja por descuido ou crime. “Sem chuva ou indício de precipitações, não há relâmpago. Logo, podemos concluir que as queimadas são decorrentes da ação humana. Só não sabemos se são propositais ou acidentais”, acrescenta Brandão.
Soltar fogos de artifício, queimar pastagens para limpar a área e jogar guimbas de cigarro são atitudes que podem provocar danos à natureza e à saúde de quem vive perto das áreas danificadas.
Superintendente da Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda), Maria Dalce Ribas reforça que, nas florestas de mata atlântica, a regeneração pode levar até duas décadas.
“O fogo mata muitas espécies vegetais e animais. Além disso, expõe o solo ao sol e à chuva, tornando-o mais suscetível a processos erosivos. Com a chuva, a cinza será levada, como poluição, para os rios”, afirma Dalce, que também falou sobre os riscos às pessoas. “A fuligem aumenta os problemas respiratórios e a fumaça diminui a visibilidade nas estradas”.
Combate
Até junho, as áreas queimadas em parques estaduais superam a média histórica do primeiro semestre: 685 hectares carbonizados, 30% a mais.
Ao todo, 276 brigadistas foram contratados para atuar no combate, de julho a novembro. O investimento é de R$ 18 milhões. A maior parte é direcionada para locais com mais focos, como os parques estaduais Serra Verde, Serra do Rola Moça (Grande BH), Serra do Cabral (região Central) e área de preservação Alto do Mucuri, em Teófilo Otoni (Jequitinhonha).
Casos recentes
Nesta semana, o Corpo de Bombeiros atendeu 11 ocorrências de queimadas em vegetação no Estado, sendo seis em BH, três na região metropolitana, uma em Juiz de Fora (Zona da Mata) e outra em Uberlândia (Triângulo). As chamas atingiram dois parques, o Serra Verde, próximo à Cidade Administrativa e pertencente ao Estado, e a Serra do Curral, administrado pela prefeitura da capital, que teve 7,2 hectares da área preservada destruída.
O soldado Glauber Fraga reforça que a população deve fazer sua parte. “As pessoas precisam de consciência para mudar comportamentos e condutas nocivas. Ensacar o lixo de lotes, ao invés de queimá-lo e cuidar de áreas próximas a rodovias e regiões conservadas”, afirma. Em caso de emergência, as pessoas devem ligar para o 193.