A Polícia Federal apreendeu ao menos R$ 60 mil no apartamento do ex-governador Fernando Pimentel (PT), no bairro Serra, durante a operação “Monograma”, deflagrada na manhã desta segunda-feira (12), em Belo Horizonte. A suspeita é que o ex-governador tenha recebido propina de R$ 3 milhões da construtora OAS para a campanha eleitoral de 2014 para favorecer a empresa com obras no Uruguai, enquanto era ministro.
Desde às 6h, policiais cumpriram 12 mandatos de busca e apreensão na capital mineira, sendo dois deles no mesmo prédio do bairro Serra. No primeiro andar, onde funciona o escritório de Pimentel, e no quarto andar, residência do ex-governador. Segundo a PF, Pimentel estava em casa e “colaborou com a operação”.
Em nota, Eugênio Pacelli, advogado de Pimentel, afirmou que a ação desta segunda-feira (12) é um excesso.
Material apreendido
Além de documentos, celulares e HD’s, a PF aprendeu R$ 60 mil em notas e moedas variadas, incluindo libra, euro, dólar e real. Segundo o delegado Marinho Rezende, chefe da Delegacia de Defesa Institucional da Polícia Federal, o dinheiro não estava escondido e a PF ainda não pode precisar se a quantia faz parte dos valores supostamente recebidos por Pimentel como caixa dois de campanha.
“O dinheiro ainda está sendo contado, é a praxe realizar a apreensão. Tudo ainda será averiguado. Apreendemos diversas mídias também, que vão somar ao escopo do que já foi apurado no âmbito da Operação Acrônimo”, disse o delegado.
As ações da PF desta segunda-feira são um desdobramento da 2ª e 9ª fases da Operação Acrônimo, na qual Pimentel foi alvo duas vezes. As denúncias da PF são baseadas na colaboração premiada de Benedito Rodrigues de Oliveira, o Bené, dono de gráfica em Brasília que prestou serviços para a campanha de Pimentel ao governo de Minas em 2014.
Sócio oculto
Com base no depoimento de Bené, a PF apura se Pimentel teria recebido R$ 3 milhões da construtora OAS, através de contratos fictícios com empresas de consultoria. As investigações vão apurar se o ex-governador seria inclusive sócio oculto das empresas usadas para lavar o dinheiro usado em caixa dois da campanha ao Palácio da Liberdade, em 2014, da qual o petista saiu vitorioso.
“Vamos investigar se o ex-governador erá sócio-oculto dessas empresas de consultoria. Todos os auxiliares dele (do ex-governador) são ligados às empresas”, disse o delegado Marinho Rezende. “São empresas de consultoria que teriam sido contratadas para efetuar serviços inexistentes. E, então, lavar e legalizar o dinheiro recebido ilicitamente de uma construtora”, completou o delegado.
Os R$ 3 milhões, segundo a PF, teriam sido pagos pela construtora OAS entre o fim de 2013 e início de 2014, em cinco parcelas entregues em dinheiro vivo ao ex-governador, de acordo com o delegado Marinho Rezende. O objetivo da construtora seria usar a influência de Pimentel no alto escalão do governo federal para ter preferência em obras realizadas no Uruguai. À época, o ex-governador ocupava o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2011-2014).
“Chama a atenção é que os repasses, justificados como doações eleitorais, foram feitos muito antes da eleição. A suspeita é que houve troca de benefício e influência política para favorecer contratos fora do Brasil, no Uruguai (pela OAS)”, explicou o delegado Marinho Rezende.