A 29 dias do início dos saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), milhões de mineiros planejam retirar o limite autorizado pelo Ministério da Economia, de R$ 500, para quitar pelo menos uma conta em atraso. Levantamento do Serasa Experian mostra que quase 2,1 milhões de moradores do Estado estão com dívidas em atraso de até R$ 500. Como há muitos mineiros com mais de uma dívida, o total de débitos na base da Serasa, no valor de até R$ 500, se aproxima dos 3,9 milhões de registros.
Em todo o país, segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), quase quatro em cada 10 pessoas estão com o nome negativado por dívidas que somam o mesmo valor.
A maioria dos brasileiros (53%) deve no máximo R$ 1.000, cifra quase idêntica a um salário mínimo (R$ 998). Os 2,1 milhões de mineiros que devem até R$ 500 representam quase um terço do total de moradores do Estado na lista de inadimplentes da Serasa, independentemente do total da dívida.
Injeção
Nas contas da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, a liberação de até R$ 500 em cada conta ativa ou inativa irá injetar R$ 28 bilhões no mercado. Levando-se em conta os saques em 2020, quando os trabalhadores poderão retirar parte do FGTS na nova modalidade criada pelo governo, batizada de saque-aniversário, outros R$ 12 bilhões poderão ser aplicados na economia doméstica, totalizando R$ 40 bilhões.
Renegociações
A decisão do Banco Central de reduzir a taxa básica anual de juros (a Selic diminuiu de 6,5% para 6% na última semana) e sinalizar que novas quedas vão ocorrer até o fim do ano se tornaram atrativos para devedores renegociarem dívidas, mesmo aquelas com saldo acima do limite autorizado pelo governo para o saque do FGTS em 2019 (R$ 500).
Especialistas avaliam que as condições da renegociação ficarão mais favoráveis, com juros menores, após a guinada do Banco Central em relação à Selic.
Saúde
A quitação da dívida total ou mesmo parte dela é tida como alívio para muitos brasileiros, sobretudo aqueles que colecionam problemas de saúde em razão de débito. Um estudo divulgado em julho pelo Instituto Locomotiva, em parceria com a Negocia Fácil (serviço de cobrança digital), revelou que 54,8 milhões de brasileiros têm o sono prejudicado por causa do endividamento. A pesquisa mostra ainda que 45,3 milhões sofrem com alterações no apetite e que 54,1 milhões dos devedores têm autoestima prejudicada.