A mineradora Vale vai contratar auditoria externa independente para análise de obras emergenciais realizadas pela empresa na barragem de Gongo Soco, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas. A informação foi divulgada na quarta-feira (14/08) pelo promotor de Justiça Luís Gustavo Patuzzi Bortoncello, em reunião da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Ele é membro da força-tarefa que se dedica aos casos de Brumadinho, Barão de Cocais e Macacos.
Segundo ele, como as intervenções em Barão de Cocais têm grande impacto socioambiental, é necessário avaliar a necessidade e a efetividade dessas obras feitas sem licença prévia, por conta da urgência na área de segurança.
Por causa do aumento do nível de segurança em Gongo Soco, moradores de alguns bairros de Barão de Cocais foram evacuados em fevereiro deste ano. Vários deles contestam a informação de que a barragem estaria com perigo real de rompimento.
A diretora de Gestão de Resíduos da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Alice Libânia Santana Dias, também esteve presente e afirmou que a equipe da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) está mobilizada na elaboração de um protocolo e de um termo de referência para todas as barragens em nível de alerta no Estado.
A Vale foi convidada a participar da reunião desta quarta para trazer os esclarecimentos, mas nenhum representante compareceu, de acordo com a ALMG.
Obras de contenção
A Vale informou nesta quinta-feira (15) que está executando três obras de contenção em locais situados a jusante das barragens Sul Superior (Barão de Cocais); B3/B4 (comunidade de Macacos, em Nova Lima); e na região sob influência das barragens Forquilhas I, II e III e IV e Grupo (comunidade de São Gonçalo do Bação, em Itabirito), todas em nível 3 de segurança (ou seja, com risco iminente de rompimento).
Conforme a empresa, a construção das estruturas de contenção terão a capacidade de reter o rejeito das barragens em caso de um cenário extremo de rompimento. A previsão de conclusão das obras é o início de 2020. As ações estão incluídas no projeto de descaracterização de nove barragens, no valor de R$ 7,1 bilhões, anunciado no balanço do primeiro trimestre da Vale, em maio.
Na B3/B4, em Macacos, a obra de contenção, que terá 30 metros de altura por 190 metros de extensão, está prevista para ser concluída em dezembro deste ano, segundo a mineradora. Ela consiste em uma barreira formada por pedras (enrocamento) a 8 km a jusante da barragem, pouco antes da estrada que liga o distrito de Macacos à sede do município de Nova Lima.
Em Barão de Cocais, foram finalizadas obras emergenciais para reduzir a mancha de rejeitos em caso de rompimento, que consistiram na instalação de duas barreiras de telas metálicas e uma de blocos de granito. Mas, a principal obra será uma contenção em concreto localizada a 6 km a jusante da barragem com 36 metros de altura por 306 metros de extensão, que também estará concluída em dezembro.
Na região das Forquilhas, a contenção ficará localizada a 11 km a jusante da barragem Forquilha I, no município de Itabirito, e terá 60 metros de altura por 350 metros de extensão. De acordo com a Vale, a previsão é que a obra, localizada no município de Itabirito, esteja concluída em janeiro de 2020 e seja fundamental para proteger a Zona de Segurança Secundária, que inclui, além de Itabirito, os municípios de Raposos, Rio Acima, Nova Lima e três bairros de Belo Horizonte (Bairros Jardim Vitória III, Beija-Flor e Maria Tereza).