Ainda tabu para grande parte da sociedade, a “morte evitável” está cada vez mais presente: 60 pessoas tentam tirar a própria vida em Minas a cada dia. Para especialistas, um longo caminho precisa ser percorrido para que o tema seja realmente tratado de forma franca, enfrentando barreiras culturais e reduzindo os óbitos. Aceitar a dor e a angústia de quem está deprimido, abrindo caminho para o diálogo e o tratamento dos transtornos deveria ser regra, principalmente em um cenário de intolerância e ódio como o atual.
Estar presente
Mostra-se presente para quem passa pelo drama pode fazer a diferença, destaca a psicóloga especialista em saúde mental Cristiane Barreto, membro da Escola Brasileira de Psicanálise e da Associação Mundial de Psicanálise.
“Temos que sair do lugar de impotência perante aqueles que amamos e estão com dificuldade. Por mais que a gente não saiba o que fazer, temos que nos mostrar ali, estar com o outro, querer saber como ajudar. É muito importante que apareça alguém, seja pai, mãe, amigo, amor, professor e diga ‘não quero te perder’”, afirma Cristiane. *Nome fictício
Família deve observar sinais para acolher a pessoa
A família deve observar, sempre, sintomas como tristeza, angústia e desânimo. No caso de pessoas que já tentaram se matar, os cuidados devem ser triplicados. A orientação é do psiquiatra forense e diretor da Associação Médica de Minas Gerais, Paulo Roberto Repsold.
“A chance de acontecer novamente é muito grande”, crava Repsold. Segundo ele, o suicídio é decorrente de algum distúrbio psiquiátrico. “Todos que têm alguém depressivo em casa devem pensar no pior. Assim, você age com segurança. Nunca devemos subestimar esse tipo de comportamento”.
A depressão também é um agravante que pode levar a pensamentos suicidas. Além da tristeza, as alterações no sono, apetite, nível de energia, comportamento e autoestima devem ser observadas. No caso dos jovens, a modernidade contribui de forma negativa.
Além disso
No Sistema Único de Saúde (SUS), as pessoas podem buscar os postos ou Centros de Atenção Psicossocial (Caps), onde os usuários são atendidos “próximos da família, com assistência multiprofissional e cuidado terapêutico conforme o quadro”, informou a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).