Durante o simulado que treinou moradores de Itabira, na Região Central de Minas Gerais, para um possível rompimento de 15 barragens da Vale na cidade, um morador do município teve um ataque cardíaco. Outras 44 pessoas passaram mal. Segundo a Defesa Civil do Estado, 7.770 pessoas participaram do teste, que foi considerado o maior da história.
Em coletiva ao fim do procedimento, autoridades avaliaram positivamente a simulação e informaram que uma empresa americana especializada em gestão de riscos está na cidade, há duas semanas, para realizar estudos sobre a situação dos barramentos na cidade. A empresa foi contratada pela Vale, a pedido do Ministério Público de Minas Gerais.
Chefe do gabinete militar e coordenador da Defesa Civil, o coronel Rodrigo de Sousa informou que 19 mil pessoas eram esperadas para o simulado, mas apenas 40% – 7.760 pessoas, participaram. “A primeira pessoa que chegou ao ponto de encontro foi com 15 segundos após o início. O tempo máximo foi com 45 minutos e dois segundos”, avaliou o militar.
Segundo o coronel, das 45 pessoas que passaram mal, apenas duas foram encaminhadas para hospitais. Uma com dores na cabeça e a outra pessoa com ataque cardíaco. A idade do morador que teve problemas no coração não foi informada. Durante o simulado, moradores da cidade reclamaram do nível do som das sirenes.
Em alguns pontos da cidade, houve reclamações de que o alarme estava baixo. “Vamos seguir avaliando a situação, os dados, para que a gente tenha sucesso em caso de sinistro (rompimento de barragem). Com relação às sirenes serão identificadas e verificadas, uma por uma, e corrigidas”, disse.
A população também reclamou de falhas no aplicativo “Alerta de Barragens”, desenvolvido pela Vale em parceria com a Defesa Civil Estadual. A plataforma apresenta rotas de fuga, pontos de encontro e locais seguros a partir do sistema de navegação GPS. “Vai ser disponibilizado também no IOS e as melhorias já estão em implantação”, garantiu Sousa.
Gerente executivo de operações da Vale, Rodrigo Chaves agradeceu a participação da população. Questionado sobre o porquê da realização do simulado neste sábado ele alegou que “foi o momento que conseguimos adequar nosso planejamento à realidade”. Sobre as reclamações do volume das sirenes, a mineradora informou que “durante o simulado foi feita a medição do nível sonoro em 49 locais diferentes. O cruzamento dos dados vai permitir que a Vale faça ajustes de direcionamento, caso necessário, dos alto-falantes e potência das sirenes”.
Gestão de riscos
Juíza da 1ª Vara Cível de Itabira, Karen Castro informou que o Ministério Público de Minas Gerais ajuizou quatro ações civis públicas contra a mineradora, devido a segurança das barragens em Itabira. Medidas liminares foram concedidas dos processos e, segundo a magistrada, estão sendo cumpridas pela empresa.
Os processos tramitavan em sigilo, mas, segundo a juíza, foram revelados neste sábado para que a população saiba que “o judiciário e o MP não estão inertes”. Uma das medidas impostas é a contratação de uma empresa americana, que foi escolhida pelo Judiciário, especializada em gestão de desastres para avaliar os riscos dos barramentos à cidade.
“Tem algumas semanas que a empresa está em Itabira. São competentes, minuciosos. Como são muitas barragens, estão analisando todas. Já detectaram algumas coisas, mas ainda não temos um parecer final e nem a data para que isso seja divulgado”, informou Castro. Os custos dos trabalhos da empresa estão sob a responsabilidade da Vale.
Simulado
O simulado foi acompanhado por 150 policiais e 45 bombeiros. Os militares são de Itabira, Belo Horizonte, Ipatinga e Governador Valadares. Segundo a Vale, a atividade, de caráter preventivo, pessoas localizados em 27 bairros do município, em mais de oito mil imóveis.
Essas áreas estão nas Zonas de Autossalvamento (ZAS) das barragens Itabiruçu, Conceição, Rio de Peixe, Sistema Pontal e Cambucal l e ll, e Zonas de Segurança Secundária (ZSS) urbana de Itabiruçu e Conceição. Empregados da mina Conceição, que estavam trabalhando na hora do simulado, também participaram do exercício.