EXAME
São Paulo — A quinta-feira será o dia de cair de novo na real? Após um agosto marcado por más notícias internacionais, com o receio de uma recessão global puxando a bolsa para baixo e o dólar para cima, investidores embarcaram num sonho de uma noite de verão na quarta-feira (21/08).
O índice Ibovespa subiu 2% na expectativa do anúncio de um pacote de privatização com 17 estatais, conforme havia antecipado na noite anterior o ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo o jornal Valor, até a Petrobras poderia ser privatizada, o que fez os papéis da petroleira subirem 8%.
De noite, a euforia deu lugar aos fatos. Não são 17 as empresas na fila para privatização, mas nove. E, claro, a Petrobras não está entre elas. As estrelas são os Correios e a Telebras, duas companhias cuja venda já havia sido antecipada pelo governo.
Além disso, o governo não apresentou prazo e reiterou que ainda vai realizar estudos para entender a viabilidade dos negócios. A dúvida é como investidores reagirão ao pacote mais tímido que o esperado.
As mesmas dúvidas de sempre sobre a economia brasileira e mundial continuam tão vivas quanto estavam na terça-feira. Economistas preveem crescimento de 0,83% para o PIB brasileiro em 2019, um percentual que varia um pontinho para baixo ou para cima de acordo com o noticiário e que está longe de ser suficiente para tirar o país do atoleiro.
Lá fora, investidores continuam num vaivém pautados pela verborragia do presidente americano, Donald Trump, que em 24h anunciou e depois voltou atrás num pacote de redução de impostos.
Ata do Fed, o banco central americano, divulgada ontem não deu maiores pistas sobre um novo corte de juros em setembro, num comunicado que analistas avaliaram como propositalmente vago para não mostrar subserviência a Trump, defensor do corte de juros.
Nesse contexto de falta de notícias mais certeiras sobre o futuro, qualquer abóbora pode virar carruagem — como se viu ontem com a privatização da Petrobras.